Um grupo de independentes eleitos pelo Movimento Guilherme Pinto por Matosinhos em 2013 recusa integrar as candidaturas do PS aos órgãos autárquicos e garante o seu apoio a Narciso Miranda, que se recandidata como independente à câmara a que presidiu durante 29 anos.

“A candidatura de ‘Narciso Miranda por Matosinhos’ é quem garante e reúne as melhores condições de independência, a mais eficaz visão para o desenvolvimento e atestada competência para melhor servir a população do concelho de Matosinhos nos próximos anos”, lê-se num comunicado.

Os independentes, que se assumem como “não socialistas”, afirmam que “jamais” irão trair “os princípios fundacionais de independência autárquica criada por Guilherme Pinto [1959-2017] que, com fulgor, determinação e coragem, à época se afastou do PS, classificando tal atitude como fuga ‘à ditadura dos partidos’”.

“O apoio à candidatura de Narciso Miranda não é contra ninguém, pelo contrário, é um acto de cidadania que assenta nos valores da democracia”, acrescentam os independentes que estiveram reunidos para decidir quem apoiar.

Há, no entanto, independentes eleitos na lista de Guilherme Pinto e que vão fazer parte das listas do PS à câmara, assembleia municipal e juntas de freguesia. O próprio Guilherme Pinto regressou ao PS no início do ano, poucos dias antes de morrer.

Narciso Miranda já reagiu a este apoio, considerando-o “muito relevante”. “ [Este apoio] demonstra que os 32 mil cidadãos de Matosinhos que, em 2013 votaram numa candidatura independente, agora capturada por um partido [PS], têm agora toda a legitimidade para quererem continuar a exercer o seu direito de voto num grupo de cidadãos eleitores, neste caso, na candidatura ‘Narciso Miranda por Matosinhos’”, afirmou.

“Há aqui um sinal inequívoco de como se não deve, ou não se pode, usar o voto das pessoas como ‘propriedade’ de ninguém”, declarou Narciso ao PÚBLICO.

A candidatura do ex-presidente matosinhense já está no terreno a recolher assinaturas para as autárquicas de 1 de Outubro. O eurodeputado do PS Manuel dos Santos e o vereador socialista Alfredo Barros são os primeiros subscritores da candidatura.

Por seu lado, o ex-presidente da Junta de Freguesia de Matosinhos, António Parada, que entregou no mês passado o cartão do PS ao fim de 35 anos de militância, está a endereçar convites para as listas que vai apresentar como independente aos órgãos autárquicos.

Ao que o PÚBLICO apurou, o pediatra Aires Pereira vai liderar a candidatura de António Parada à Assembleia Municipal de Matosinhos e a professora do ensino secundário Aurora Anastácia vai ser a número dois.

Para a câmara, Parada já convidou a professora Emília Fradinho, que preside ao conselho geral do Agrupamento de Escolas de Matosinhos, e para número três escolheu Sérgio Meira, presidente do conselho geral do Agrupamento das Escolas EB 2.3 de Matosinhos.

Agastado pela forma como a Federação do PS-Porto, presidida por Manuel Pizarro, liderou a escolha do candidato à câmara, António Parada deverá anunciar a sua candidatura na terceira semana de Maio.

O PS, que candidata Luísa Salgueiro à câmara, joga tudo na presença de membros do Governo em Matosinhos. Esta quarta-feira, a ministra do Mar, Ana Paula Vitorino, visitou o concelho para anunciar a construção do Portinho de Angeiras, um investimento de 4,2 milhões de euros. Esta quinta-feira é a vez do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que vai inaugurar a Unidade de Saúde Familiar de Custóias. Mas há mais visitas em carteira.