Líder da oposição venezuelana recusa retomar diálogo, mesmo com mediação do Papa

Francisco ofereceu-se para ser "facilitador" num diálogo entre a oposição venezuelana e o regime de Nicolás Maduro.

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LUSA/MIGUEL GUTIERREZ

Henrique Capriles, um dos principais dirigentes da oposição venezuelana, descartou a possibilidade de retomar o diálogo com o governo, apesar de o Papa Francisco ter afirmado estar disponível para ser “facilitador” de uma solução para a crise.

Questionado a bordo do avião, no regresso a Roma após uma visita de 48 horas ao Egipto, o Papa Francisco declarou estar disponível para desempenhar o papel de “facilitador” perante a crise política na Venezuela, mas mediante “condições muito claras”.

Sem especificar essas condições, o Papa apontou que a oposição está “dividida” sobre a possibilidade de retomar as negociações com o governo, algo que Henrique Capriles contestou.

“Não é verdade [que a oposição está dividida]. [O Papa] fala como se alguns tivessem vontade de dialogar e outros não. Nós, os venezuelanos, queremos todos dialogar, mas não estamos dispostos a um diálogo versão Zapatero”, afirmou o líder da oposição e antigo candidato presidencial aos jornalistas, à margem de uma cerimónia em homenagem às vítimas mortais das manifestações de Abril.

Capriles fazia referência ao antigo chefe do Governo espanhol José Luis Zapatero, chefe da missão da União de Nações Sul-americanas (Unasul) que acompanhou a tentativa de diálogo político entre o governo e a oposição iniciada em Outubro sob a égide da Santa Sé.

Essas conversações terminaram em Dezembro depois de a oposição ter acusado o governo de violar os seus compromissos sobre a instauração de um calendário eleitoral e a libertação de prisioneiros políticos.

“É importante que o Papa saiba que desde o ‘autogolpe’ de Estado do governo (…) mais de 30 venezuelanos foram assassinados, centenas feridos e mais de 1.400 detidos de forma arbitrária”, afirmou ainda Henrique Capriles.

A oposição venezuelana tem convocado uma série de protestos desde dia 1 de Abril para pedir a destituição de magistrados do Supremo Tribunal devido à decisão - qualificada como “golpe de Estado” - de assumir as funções do parlamento, dominado pela oposição, a qual foi revertida pouco tempo depois.

A oposição também exige a realização de eleições antecipadas, antes do fim do mandato do Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, em Dezembro de 2018, além da libertação de presos políticos e do fim da repressão.

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