Manifestantes invadem parlamento e agridem deputados na Macedónia

País está sem Governo desde Dezembro. Esta quarta-feira o principal partido da oposição elegeu, juntamente com partidos da minoria albanesa, o novo líder do Parlamento, o que motivou os confrontos desta quinta-feira.

Zoran Zaev, líder da oposição, a sangrar da cabeça
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Zoran Zaev, líder da oposição, a sangrar da cabeça LUSA/STR
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Um grupo de manifestantes rompeu o cordão policial e entrou à força no Parlamento da Antiga República Jugoslava da Macedónia, agredindo deputados da oposição, incluindo o líder dos sociais-democratas.

O incidente desta quinta-feira ocorreu depois de na quarta-feira o principal partido da oposição, a União Social-Democrata da Macedónia (SDSM, na sigla em inglês), e alguns partidos da minoria albanesa terem elegido o novo presidente do Parlamento, o albanês Talat Xhaferi. Devido a esta decisão, os manifestantes, cerca de 200 com as caras escondidas por máscaras, irromperam pela assembleia nacional, agredindo os deputados e atirando cadeiras. O líder social-democrata, Zoran Zaev, surgiu em imagens a sangrar abundantemente da cabeça. A Reuters relata que eram visíveis os rastos de sangue pelos corredores do Parlamento.

Durante a madrugada, as autoridades revelaram que confrontos dentro e fora do parlamento resultaram em 77 feridos, incluindo três deputados (um deles, o líder do SDSM, Zoran Zaev) e 22 polícias.

A Macedónia encontra-se sem Governo desde Dezembro de 2016, estando mergulhada numa crise política que parece não ter fim à vista. No início de Março, o Presidente Gjorge Ivanov recusou a solução governativa encontrada após as eleições. O VMRO-DPMNE, partido de direita nacionalista e conservadora, liderado por Nikola Gruevski, que conduziu os destinos do país na última década, ganhou o sufrágio mas sem maioria parlamentar. Conquistou 51 deputados (para alcançar a maioria são necessários 61).

Anteriormente, o Governo de Gruevski caiu depois de Zoran Zaev ter tornado públicas escutas realizadas pelo Governo: pelo menos 670 mil gravações ilegais de conversas de mais de 20 mil números de telefone. Os documentos e gravações revelavam que o Governo vigiava ilegalmente dezenas de milhares de macedónios, incluindo juízes, jornalistas e até membros do próprio executivo, bem como diplomatas estrangeiros.

Mas a SDSM, que obteve 49 deputados, conseguiu negociar um acordo de coligação com alguns partidos albaneses. Desta forma, o social-democrata Zoran Zaev reclamou a maioria parlamentar necessária para formar Governo e exigiu ao Presidente que lhe concedesse o mandato de primeiro-ministro.

O Guardian dá conta de que muitos dos manifestantes que entraram esta quinta-feira no Parlamento faziam parte do mesmo grupo que, nos últimos dois meses, tem saído às ruas da capital, Skopje, e de outras cidades, devido à situação política do país. Muitos deles participaram em manifestações de apoio a Nikola Gruevski.

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