O bom faz bem

Não estamos aqui só para trabalhar ou para nos divertirmos.

O mal de trabalhar muito é pensar-se que só a trabalhar é que se está bem. Era eu pequenino quando ouvia dizer que também era essencial uma pessoa divertir-se. Eu lá deixava de trabalhar e ia divertir-me mas pensava para mim, enquanto me divertia: "sim, isto é muito bom mas não é essencial..."

Por ser tão bom divertir-me mais me convenci que não podia ser importante. Aliás, fazia parte do divertimento achar-se que não era importante. Se fosse importante não poderia dar tanto prazer.

É nesta oposição macaca que se cai: tudo o que é bom para nós e para os outros custa fazer. É por isso que o trabalho dá saúde e faz crescer. Em contrapartida, tudo o que sabe bem fazer, porque dá prazer, não custa nada mas também não há-de ser bom para nós.

O meu pai dizia e praticava "quanto mais se trabalha, mais é preciso uma pessoa divertir-se". Eu sempre pensei que isso era uma desculpa para nos divertirmos, no sentido literal de tentarmos minimizar as culpas que sentimos quando fazemos o que nos dá prazer, por muito contraproducente que seja.

Pensava que era uma frase como "de vez em quando é preciso fazer asneiras". Que não era realmente preciso mas pronto, as pessoas faziam asneiras e era preciso consolá-las.

Afinal é mesmo verdade. Descansar é essencial. Dormir sabe bem - e faz bem. O bom e o bem dão-se muito melhor do que eu alguma vez sonhei. Não estamos aqui só para trabalhar ou para nos divertirmos. Nós sabemos o que viemos aqui fazer: é o mínimo possível para conseguirmos fugir.

 

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