As sempre polémicas declarações de Brigitte Bardot, agora em livro

Répliques et Piques é uma colectânea de frases da actriz francesa reunida por François Bagnaud, onde esta revela que sempre foi “prisioneira” da sua imagem e manifesta o seu apoio à líder da Frente Nacional, Marine Le Pen.

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REUTERS/Philippe Wojazer

Em mais de 60 anos de vida pública, Brigitte Bardot tornou-se simultaneamente uma das mulheres mais admiradas e criticadas de França. Além dos mais 40 filmes que fez em duas décadas de cinema, foram as suas declarações polémicas que consolidaram o seu estatuto de estrela. Répliques et Piques é o livro que recupera as afirmações controversas que sempre caracterizaram o discurso da actriz e activista francesa e é assinado por François Bagnaud. “Neste mundo onde tudo é preparado, controlado e nada é espontâneo, a minha franqueza às vezes chocou os hipócritas. Mas não me arrependo de nenhuma das minhas declarações”, disse Brigitte Bardot citada pelo jornal brasileiro Folha de São Paulo.

A actriz de 82 anos, que se eternizou como o símbolo da emancipação feminina e da libertação sexual, falou ao Le Figaro sobre o impacto da fama na sua vida. “[Sempre fui] prisioneira do meu aspecto físico, da minha imagem, de mim mesma. Nunca pude levar uma vida normal, ir beber um copo ou a um restaurante. Ou caminhar pela rua para ver montras”, explica na entrevista divulgada este sábado pelo diário francês. Apesar de ser considerada um ícone de beleza em todo o mundo, Brigitte Bardot revelou sofrer de alguns complexos relativamente à sua aparência. “Não podia acreditar que me amavam pela minha beleza: havia muitas outras mulheres mais bonitas. Agora digo a mim mesma que deveria ter tido mais confiança. Mas além disso, gostava que se tivesse tido um olhar mais amável sobre mim ”, afirmou ao Le Figaro.

Após o término da sua carreira no cinema entre 1952 e 1972, Brigitte Bardot dedicou-se à defesa e sensibilização para os direitos dos animais e criou uma fundação com o seu nome. No entanto, a sua vida continua de braços dados com a polémica. Na mesma entrevista ao Le Figaro, a actriz referiu de forma algo críptica a sua simpatia pela líder da Frente Nacional, Marine Le Pen. “Eu não sou pelos "on" [referindo-se aos apelidos dos candidatos François Fillon, Jean-Luc Mélenchon, Benoît Hamon e Emmanuel Macron], sou pela "M" [de Marine Le Pen]". A actriz já tinha dado que falar anteriormente, quando justificou o seu apoio à extrema-direita francesa por considerar que Le Pen tem como objectivos “retomar o controlo de França, restabelecer as fronteiras e dar novamente prioridade aos franceses”. Em 2014, a actriz e activista havia caracterizado Marine Le Pen como a “Joana D’Arc do século XXI”. Marine Le Pen, por seu turno, disse em entrevista à CBS na semana passada que "a França não é o burkini nas praias. A França é a Brigitte Bardot".

A simpatia de Brigitte Bardot pelos ideais de Marine Le Pen não é surpreendente. Em 2006, a diva francesa pronunciou-se contra o Eid al-Adha, uma celebração muçulmana assinalada com um ritual de sacrifício de ovelhas. “Não aguento mais esta população que nos destrói e destrói o nosso país com esses actos”, disse a actriz, segundo a Folha de São Paulo. A afirmação foi classificada como racista e levou à condenação da actriz a uma multa de 15 mil euros por incitação ao ódio. De acordo com o jornal brasileiro, esta foi a quinta condenação do género aplicada à actriz.

Brigitte Bardot referiu ainda ao Le Figaro a simpatia pelo líder da Frente de Esquerda de França, Jean-Luc Mélenchon, pela relação próxima que este mantém com a causa animal. “Ele disse que, se fosse eleito, iria acabar com os matadouros. Além disso, é um grande orador”, reconheceu a actriz. Questionada  pela rádio francesa RFI sobre as suas expectativas relativamente aos candidatos presidenciais, Brigitte Bardot sublinhou que “os responsáveis políticos têm todos os poderes para melhorar a situação dramática dos animais”.

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