Agora que parece mais dissipada a turbulência, nos anos mais recentes, da relação com o seu país, e que o levou mesmo a pedir a nacionalidade russa, Gérard Depardieu está de regresso aos palcos de França. E se verdadeiramente nunca abandonou os ecrãs, este seu regresso tem algo de conciliação com o património gaulês mais afectivo, ao homenagear uma figura com quem teve uma relação de amizade muito especial, e que continua a ser vista como a Grande Dama da chanson, que vestia de negro: Barbara (1930-1997).

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O actor gravou um disco – Gérard Depardieu chante Barbara (edição Because Music) –, com saída anunciada para o início do próximo ano, e vai interpretar ao vivo 14 temas desta diva da chanson numa série de recitais no histórico Théâtre des Bouffes, entre 9 e 18 de Fevereiro, acompanhado ao piano por Gérard Daguerre, que foi o companheiro de palco de Barbara nas décadas de 1980/90, até à sua morte no dia 24 de Novembro de 1997.

Ainda que não deixe de ser surpreendente a notícia de que o actor de A Mulher do Lado (François Truffaut, 1981) e Cyrano de Bergerac (Jean-Paul Rappeneau, 1990) vai cantar e gravar um disco, esta não é uma faceta inédita na sua carreira. O jornal Le Figaro recorda que, em 1985, Depardieu subiu ao palco do Zénith de Paris, precisamente ao lado de Barbara, para interpretar com ela o musical Lily Passion, história de uma cantora enamorada por um assassino idealista. Também viria a cantar, mas no grande ecrã, no filme Quand j’Étais Chanteur (Xavier Giannoli, 2006), em que interpretava o tema L’Anamour, de Serge Gainsbourg. Além de, no início da sua carreira, antes ainda da contracena com Barbara, ter gravado o disco Comédien, Comédien (1980).

Agora, para Gerard Depardieu chante Barbara – que será também o título dos concertos no Théâtre des Bouffes –, o actor-cantor vai interpretar 14 canções do reportório da sua musa, entre as quais L'aigle noir, Gottingen, Nantes, e ainda À force de..., tema que o seu próprio filho já desaparecido, Guillaume Depardieu (1971-2008), escreveu especialmente para a voz da Dama de Negro.

“A minha mais bela história de amor é ela”, repete Gérard Depardieu sobre Barbara.