PS abre uma fresta para aprovar propostas da oposição

O líder parlamentar do PS, Carlos César, admitiu esta terça-feira que o partido pode vir a aprovar outras propostas além das apresentadas pelos partidos que apoiam o Governo. Mas nunca mencionou PSD e CDS.

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Miguel Manso

Não foi bem uma porta aberta à aprovação de propostas de alteração ao Orçamento do Estado, foi apenas uma fresta e sem referir preto no branco o nome dos partidos da oposição. No discurso de abertura do último dia de jornadas parlamentares do PS na Guarda, Carlos César disse "desejar" vir a "aprovar outros contributos que se compatibilizem com as nossas orientações gerais", independentemente de quem seja o autor da proposta.

"Não escondemos, e até o desejamos, vir a aprovar outros contributos que se compatibilizem com as nossas orientações gerais", disse César para logo de seguida acrescentar: "A nossa preocupação não é sobre quem propõe mas sim sobre quem beneficia. A nossa preocupação será sempre Portugal".

Os socialistas reuniram-se durante dois dias no distrito da Guarda nas vésperas do início das votações no Parlamento das propostas de alteração ao Orçamento do Estado. E nesse ponto, César diz que vai ver com os membros do Governo das "áreas em causa" as possibilidades de medidas que podem ser aprovadas. Para isso terá na jornadas parlamentares durante esta terça-feira Mário Centeno, ministro das Finanças, Vieira da Silva, ministro do Trabalho e Segurança Social, e também Capoulas Santos, ministro da Agricultura.

"Não escondemos, e até o desejamos, vir a aprovar outros contributos que se compatibilizem com as nossas orientações gerais"

Para já, certas são as medidas que já foram negociadas pelos parceiros da esquerda. "Não escondemos, antes valorizamos, que o Orçamento de Estado que irá ser aprovado é resultado de um amplo compromisso que conjuga o programa do Governo do Partido Socialista com as metas orçamentais no âmbito da coordenação europeia, bem como com as muitas propostas avaliadas nos trabalhos preparatórios que decorreram até à entrega da proposta e que reuniram o PS, o BE, o PCP e o PEV".

Desse rol de medidas, Carlos César escolheu as melhorias nos "benefícios e direitos sociais, a agilização do sector público empresarial, a melhoria de serviços públicos, a protecção e incremento da economia privada, o apoio à juventude, o caso da capitalização da CGD ou aspectos que se ligam às obrigações do Estado para com as regiões autónomas".

Sobre a CGD, o PS entregou uma proposta para que seja possível a injecção pública de capital de 2700 milhões de euros e nesse ponto não terá problemas de aprovação. Terá noutro ponto relacionado com a CGD: o BE entregou uma proposta para retirar os administradores do Estatuto dos Gestores Públicos, fazendo com que o salário da nova administração passasse a ter como tecto salarial o ordenado do primeiro-ministro e ainda que ficassem obrigados, como todos os restantes gestores, a todas as regras de transparência (além das obrigações resultantes da lei de 1983).

Na Guarda, César falou ainda da necessidade de promover políticas de coesão para o interior e de desenvolvimento. Dizendo que o PS está "muito satisfeito com o trabalho que agora ganha conteúdos com essas finalidades, o qual, não sendo relevante pelo número maior ou menor de medidas, é certamente importante pela sua abrangência e concatenação", disse.

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