Tippi Hedren acusa Hitchcock de agressão sexual

A relação obsessiva do realizador com a actriz já era conhecida, mas esta revela novos detalhes na sua autobiografia.

Foto
DR

Alfred Hitchcock deitou-se em cima de Tippi Hedren, a sua Marnie e a vítima de Os Pássaros, e tentou beijá-la à força na véspera de filmarem a cena claustrofóbica em que a actriz está presa numa cabina telefónica e é atacada por aves enfurecidas, diz a actriz. Algum tempo depois, já noutro projecto, chamou-a ao seu escritório. “De repente, agarrou-me e pôs-me as mãos em cima. Foi sexual, foi perverso e foi feio”, escreve a actriz em Tippi: A Memoir, a sua nova autobiografia em que detalha pela primeira vez actos de alegada agressão sexual do realizador.

A relação tensa que Alfred Hitchcock tinha com as suas actrizes, as loiras em apuros que colocava em situações extremas nas filmagens, é sobejamente conhecida e Tippi Hedren relatou ao longo dos anos a forma como o realizador se insinuava perante ela. Já em 2012, o filme The Girl, exactamente sobre a forma como Hitchcock se relacionava com Hedren (interpretados por Toby Jones e Sienna Miller, respectivamente), mostrava, com base nos relatos da actriz, alguns detalhes tortuosos do que foi trabalhar com o cineasta nos dois filmes.

Hedren tem hoje 86 anos e já aos 82 revelara que as filmagens de Os Pássaros (1963) foram violentas e que durante cinco dias teve pássaros vivos atirados contra si ou amarrados a si com elástico, com um médico a intervir para que o antigo modelo e mãe de uma Melanie Griffith criança pudesse descansar. A actriz revela agora que essa dolorosa e repetitiva sessão de filmagens começou um dia depois de Hitchcock se ter atirado para cima dela e tentado beijá-la contra a sua vontade, quando seguiam juntos numa limusina.

Depois, quando ainda sob contrato com o mesmo estúdio filmou Marnie (1964) novamente com Alfred Hitchcock, este terá escrito bilhetes aos seus co-protagonistas, Rod Taylor e Sean Connery, a proibir: “Não toquem na rapariga”. A actriz confessou em várias entrevistas, já em 2012, que o realizador estava “sempre a insistir num copo de champanhe depois do trabalho", quando ela "só queria regressar a casa", para junto da filha: "Sempre a tentar estar sozinho comigo...”.

Na autobiografia, cujos excertos foram revelados pelo tablóide britânico Daily Mail, Hedren detalha ainda que, neste último filme, o seu camarim era adjacente à sala de Hitchcock e que ele tinha uma porta para entrar directamente e sem aviso. Mandou também fazer uma máscara com o rosto de Hedren que não tinha qualquer relação com as filmagens. Declarava-se-lhe frequentemente, escreve a actriz, e cumpriu a promessa de a impedir de trabalhar com outros realizadores e noutros projectos.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários