Infarmed averigua patrocínio a sociedade de andrologia

Informação foi enviada para o Ministério Público.

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O patrocínio de um laboratório que comercializa um medicamento contra a disfunção eréctil à Sociedade Portuguesa de Andrologia (SPA) levantou suspeitas ao Infarmed que está a averiguar o caso e enviou para o Ministério Público (MP) a informação recolhida.

O caso foi divulgado no Jornal da Noite (SIC) de sexta-feira e, segundo este canal, está relacionado com uma campanha da SPA sobre as disfunções sexuais que coincidiu com o lançamento de um novo medicamento para tratar a disfunção eréctil, cuja substância activa é o Avanafil.

A SPA terá recebido, segundo a SIC, mais de 1,2 milhões de euros para financiar a campanha. À Lusa, o Infarmed afirmou que o montante do patrocínio chamou a atenção dos elementos deste instituto que realizam inspecções regulares à plataforma, na qual pode ser consultado este tipo de informações.

O Infarmed abriu um processo de averiguações para apurar se o patrocínio do laboratório A. Menarini foi feito em troca de uma maior prescrição do medicamento.

Com base na Plataforma do Infarmed, a SIC avançou que o medicamento, lançado em 2014, rendeu nesse ano ao laboratório 270 mil euros. Em 2015, vendeu quatro vezes mais (1,06 milhões de euros) e no primeiro semestre deste ano as vendas já atingiram os 699 mil euros.

Estes e outros dados terão já seguido para o MP, no âmbito da informação que o Infarmed reuniu.

O presidente da SPA, Pepe Cardoso, esclareceu que esta sociedade não foi contactada pelo Infarmed nem pelo Ministério Público “relativamente a este tema” e que não tem conhecimento da existência de algum inquérito sobre o mesmo.

A SPA referiu que foi celebrado entre a SPA e o laboratório “um convénio de colaboração, pelo qual a A. Menarini aceitou apoiar institucionalmente a Sociedade Portuguesa de Andrologia, Medicina Sexual e Reprodução na organização de duas campanhas nacionais de sensibilização e divulgação das disfunções sexuais (ejaculação prematura e disfunção eréctil), na qual se insere, entre outras acções, a criação” de um site.

“Não foi pago ou entregue pela A. Menarini à SPA qualquer valor”, prossegue esta organização, especificando que o laboratório “apoiou a campanha financeiramente, pagando directamente aos fornecedores os custos dos serviços prestados”. A SPA acrescenta que, “de acordo com a legislação em vigor, todos os apoios foram comunicados ao Infarmed na página electrónica desta Autoridade Nacional”.

Esta organização científica sublinha ainda “a enorme importância que têm revestido estas campanhas educativas na área da saúde e que seriam totalmente impossíveis sem o apoio e contributo da indústria”. “As campanhas e a divulgação que os media têm dado à patologia e às possibilidades existentes para o seu tratamento têm contribuído significativamente para um maior grau de informação e ajudado a população a falar abertamente sobre a doença, recorrendo ao médico com maior facilidade e melhorando a sua qualidade de vida”, adiantou a SPA.

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