Bichos à solta e o coelhinho psicótico

Os autores dos Mínimos assinam uma comédia simpática sobre animais de estimação perdidos em Nova Iorque que dava pano para mangas mas não quer ir muito longe.

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A ideia não é nada má – o que raio fazem os nossos animais de estimação enquanto estamos fora? - mas, se o filme é genuinamente simpático, não se pode dizer que A Vida Secreta dos Nossos Bichos a leve tão longe quanto seria possível. A mais recente criação do estúdio de animação Illumination, que lançou os Mínimos para a popularidade global, é uma convencional comédia de “peixe fora de água”, onde dois cães em luta surda pelo domínio do apartamento, perdidos em Nova Iorque e à mercê de um coelhinho psicótico que lidera um gangue de animais abandonados, são obrigados a unir forças.

Na versão original, os dois cães têm as vozes de Louis CK (assaz desaproveitado) e Eric Stonestreet (da série Uma Familia Muito Moderna), mas é Kevin Hart quem rouba o filme com o seu coelho gangsta desvairado (mesmo que Albert Brooks, num falcão solitário, lhe dê luta). A animação é tecnicamente impecável, com uma abordagem cartoonesca e colorida a uma Nova Iorque idealizada, e as personagens e situações dão pano para mangas (o caniche heavy-metal e a rave dos animais são rasgos engenhosos, com um par de referências curiosas a clássicos da animação como o Droopy de Tex Avery). Mas fica sempre a ideia de que A Vida Secreta dos Nossos Bichos se queda por uma mediania pouco ambiciosa, a meio caminho entre a conceptualização da Pixar e o humor de sitcom da Dreamworks. Um bom filme de Verão, o que já não é nada mau, mas sem mais.

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