InResidencePorto: oito casas para acolher artistas

Plataforma digital já está disponível. Bolsas de apoio à criação artística arrancam em 2017.

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O Espaço Mira vai acolher artistas Dato Daraselia

A Câmara do Porto lançou esta terça-feira uma plataforma online para a divulgação de espaços e de projectos de residência artística no Porto. Chama-se InResidencePorto e quer atrair e dar oportunidade a artistas nacionais e internacionais de desenvolverem projectos artísticos na cidade. A par das residências artísticas, a autarquia vai lançar, no próximo ano, as bolsas InResidencePorto para apoiar a criação artística. 

“A ideia é constituir um interface para criadores nacionais e internacionais, a partir do qual possam conhecer, de uma forma sintética e sistematizada, formas de desenvolver projectos artísticos na cidade”, disse o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira. 

Para além do Maus Hábitos, onde foi apresentado o projecto, a Casa Oficina António Carneiro, De Liceiras18, a Mala Voadora, o Espaço Mira, o Museu da Imprensa, a Sonoscopia e o Teatro Municipal do Porto são os locais apresentados na plataforma e onde potenciais criadores se poderão instalar.

O website está dividido por área artística: Artes visuais, Cinema e vídeo, Crítica e literatura, Música e som, Artes performativas. Os oito espaços enquadram-se nas categorias, consoante a sua capacidade para acolher os projectos dessas áreas. Além disso, na página de cada residência pode encontrar-se informação sobre o espaço, de que forma é que os artistas se podem candidatar, a quem se destina, como são seleccionados os projectos, em suma, informação útil aos artistas que ali queiram desenvolver o seu engenho e arte. 

“O que nós pretendemos é criar condições para que os artistas, sejam eles nacionais ou internacionais, ancorem no Porto e possam descobrir o que a cidade tem para oferecer no âmbito de programas de residência”, realçou Rui Moreira. 

O projecto de comunicação, desenhado em português e inglês, pretende dar visibilidade internacional aos espaços e criadores do Porto, à semelhança de plataformas internacionais que já existem como a Alliance of Artists Communities

Para potenciar a atractividade da cidade, a autarquia vai também lançar, no próximo ano, as bolsas InResidencePorto que Rui Moreira define como “co-produções entre a Câmara e os espaços de residência com estadia”. Desta forma, os criadores que se quiserem instalar num dos espaços alocados ao projecto vão poder candidatar-se a uma bolsa para criarem um projecto artístico de residência durante dois meses. A comparticipação será de 4 mil euros, para os artistas nacionais, 5 mil para os europeus e 6 mil euros para os de fora da Europa. O montante disponibilizado vai incluir os gastos com as viagens (o que justifica a variação dos montantes), estadia, despesas de permanência, e ainda uma “fatia” para a produção. A gestão de cada contrato-programa celebrado com os artistas vai ser da responsabilidade dos espaços parceiros.

"O número de bolsas vai depender do número de espaços. Estamos disponíveis para trabalhar de forma articulada com todos os espaços que consigamos detectar que tenham condições para desenvolver projectos de residência em estadia", referiu o adjunto de Rui Moreira para a Cultura, Guilherme Blanc. O objectivo está fixado: "criar um contrato de co-produção anual por espaço". Portanto, a previsão é a de avançar inicialmente com oito bolsas. “Isto vai depender muito da nossa capacidade conjunta de atrair e de transformar isto num território mais fértil para a produção artística”, destacou o autarca. E Rui Moreira não descarta a possibilidade de reforçar o orçamento caso a procura o justifique. 

Oito espaços espalhados pela cidade

Na apresentação do InResidencePorto, Rui Moreira destacou o desaparecimento de dois espaços de residência na cidade, nos últimos três meses. "Isso é sintoma de que era necessário esta articulação e que este projecto em si é pertinente, para dar oportunidades de criação artística contemporânea". 

Os oito espaços concentram-se no centro da cidade (Maus Hábitos, De Liceiras 18, Mala Voadora e Teatro Municipal do Porto) mas não se ficam por aí. Estendem-se à Prelada (Sonoscopia), e à zona de Campanhã (Espaço Mira e Casa Oficina António Carneiro). Esta última zona tem estado a renascer graças à cultura nas suas diversas formasO Espaço Mira, o projecto para o antigo Matadouro e o pólo do Museu de Marionetas do Porto têm posto a Campanhã nos roteiros culturais da cidade, como território de criação artística. 

O Espaço Mira é agora uma das residências que irá acolher artistas nacionais e internacionais e está especialmente vocacionada para a arte da luz e da cor: a fotografia. O espaço “desenvolve um programa de exposições, em que se procura pensar o campo expandido da fotografia, isto é, reflectir a fotografia nas suas múltiplas vertentes: performance, a memória, a pintura e a arquitectura”, pode ler-se na descrição da galeria no website do InResidencePorto

Texto editado por Ana Fernandes

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