Não ao re-referendo

6Que aconteceria se o segundo referendo contradissesse o primeiro? Ou se, pior ainda, o confirmasse?

As pessoas que pedem um segundo referendo sobre a permanência ou a saída do Reino Unido (RU) da União Europeia (EU) são tão numerosas como inteligentes.

Dizem que muitos eleitores se arrependeram de votar para sair, muitos dos quais só votaram assim para chatear, tendo a certeza que a campanha para sair ia perder. O mais honesto e espampanante foi o jornalista Kelvin MacKenzie.

Dizem também que muitos eleitores que queriam que o RU ficasse na UE (sobretudo os mais jovens) não se deram ao trabalho de ir votar, não tanto por preguiça (yeah, right...) mas por pensarem que não havia perigo de ganhar a campanha para sair.

Outros lembram que os referendos não têm força executiva: a Casa dos Comuns, com 2/3 a favor da permanência, pode escolher rejeitá-los. Até com uma maioria de um só deputado.

O problema é que pedir um segundo referendo é provar que se dá importância decisiva aos referendos. O pedido da repetição da consulta (por ser apenas de uma consulta que se trata) legitima a importância – e logo o resultado – da primeira.

Que aconteceria se o segundo referendo contradissesse o primeiro? Ou se, pior ainda, o confirmasse? A possibilidade da confirmação é um pesadelo pior do que a aceitação calma e preocupada da derrota que todos nós temos democraticamente de aceitar.

O problema do Reino Unido é inteiramente interno. Não nos devemos meter. Os dois principais partidos estão divididos por graus diferentes de nacionalismo e xenofobia. Viva o Liberal Party!

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