Quando mais do mesmo é muito menos

Mestres da Ilusão 2 é uma sequela dispensável e desalmada para um original levezinho.

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O enorme sucesso de Mestres da Ilusão, em 2013, ultrapassou de tal maneira as expectativas que apanhou toda a gente de surpresa. A inevitável sequela é o exemplo prático do erro que pode ser achar que basta dar ao público mais do mesmo - “mais” não apenas no sentido de “repetir a fórmula”, também no de propor literalmente “mais”: mais magia, mais personagens, mais peripécias, mais reviravoltas, mais acção. Essencialmente, Mestres da Ilusão 2 “repete” a trama do original, com um grupo de ilusionistas “justiceiros” que procuram denunciar os “senhores do mundo” pela sua corrupção e ganância – aqui é um magnata das telecomunicações a aparente “vítima”.

Ora, a graça do filme original estava na sua relativa “leveza” e na compreensão que um filme onde tudo não passa de prestidigitação e ilusões de óptica tem de encontrar um equilíbrio entre o prazer da ilusão e a necessidade de a explicar. Aqui, com Jon Chu (G. I. Joe: Retaliação, Step Up 2 e 3) aos comandos, não temos nada disso: apenas uma espécie de frenesi cego sem outro objectivo que não seja encher o olho ao patego, patudo e pesadão onde deveria ser ligeiro e veloz, incapaz de esconder a mecânica premeditada da narrativa que o primeiro ainda ia conseguindo fazer. Sobretudo, ao insistir na perspectiva de vinganças e contra-vinganças e ao dirigir-se para caminhos que obrigam a repensar a narrativa do filme anterior, Mestres da Ilusão 2 revela que está mais interessado em estabelecer as regras de um universo e de um franchise coerente do que em verdadeiramente contar uma história. O primeiro filme era um bom entretenimento de verão, despretensioso e despachado, mesmo que saíssemos dele com a sensação de termos comido um gelado de marca branca em vez de um Santini ou Ben & Jerry. Mas, como se costuma dizer, à segunda só cai quem quer.

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