Governo turco decide encerrar o jornal Zaman

Sentença dos jornalistas Can Dündar e Erdem Gül, acusados de espionagem e que podem ser condenados a prisão perpétua, pode ser conhecida sexta-feira.

Foto
"Constituição suspensa", dizia o Zaman na última edição da anterior direcção AFP

O Governo turco decidiu encerrar o jornal Zaman, que era crítico do Presidente Recep Erdogan e que já tinha passado para o controlo das autoridades em Março. Mais uma série de órgãos de comunicação social vão ser encerrados, anunciou a CNN Turk.

Logo após o jornal ter passado a ser controlado por uma equipa nomeada pelo Governo, as vendas caíram 99%, passando de 650 mil exemplares por dia para menos de sete mil. A primeira edição com a nova gestão tinha Erdogan na capa e um artigo elogioso para o chefe de Estado. 

Além do Zaman, vão ser encerrados a agência noticiosa Cihan e a KureTV – todos propriedade do Feza Media Group.

O Presidente turco é acusado de estar a acabar com a liberdade de imprensa no país, quer através de intervenções nos media, quer através de processo judiciais contra jornalistas. Recentemente, jornalistas estrangeiros foram impedidos de entrar naTurquia – dois alemães, que deveriam ter feito a cobertura da visita da chanceler Angela Merkel a um campo de refugiados –, e uma repórter holandesa foi detida depois de ter escrito, para um jornal da Holanda, um artigo a criticar Erdogan. Ebru Umar foi solta mas está impedida de deixar a Turquia enquanto decorrer uma investigação.

Esta sexta-feira deverá ser conhecida a sentença de dois jornalistas do Cumhuriyet acusados de espionagem e divulgação de segredos de Estado. O director, Can Dundar, e o responsável pela delegação em Ancara, Erdem Gül, foram presos depois de terem publicado uma peça que denunciava os serviços secretos turcos de estarem a entregar armas aos islamistas na Síria. Can Dündar e Erdem Gül podem ser condenados a prisão perpétua.

Sugerir correcção
Ler 2 comentários