O rancor entre Trump e Bush explodiu num debate na Carolina do Sul

Os dois candidatos republicanos na corrida à presidência dos EUA trocaram insultos. O tema foi o legado de George W. Bush – o 11 de Setembro, a invasão do Iraque e as armas de destruição maciça que não existiam.

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Na Carolina do Sul, Trump e Bush agrediram-se verbalmente Jonathan Ernst/Reuters

Foi um combate feroz, com a política externa a emergir como principal tema, o que opôs na madrugada de domingo os seis republicanos que aspiram a ser candidatos à presidência dos Estados Unidos. O homem que lidera as sondagens, Donald Trump, desferiu um ataque brutal ao ex-Presidente George W. Bush e à sua intervenção militar no Iraque que, disse, ajudou a aprofundar a instabilidade no Médio Oriente.

Usando o que foi até agora o seu argumento mais violento sobre o legado de Bush, Trump arrasou a política externa da mais recente geração republicana na Casa Branca, atacando a doutrina da intervenção pela força, corroborando um argumento que muitos democratas já usam há algum tempo e censurando o irmão de Bush, Jeb, um dos candidatos republicanos na corrida pela nomeação.

Com uma linguagem visceral e ácida, Trump acusou o 43.º Presidente de não ter conseguido manter o país a salvo dos ataques terroristas de 11 de Setembro de 2001, e de ter mentido ao país sobre a existência de armas de destruição maciça no Iraque.

"Obviamente, a guerra no Iraque foi um grande, um grande erro", disse Trump. "George Bush cometeu um erro. Todos podemos cometer erros, mas aquele foi uma beleza. Nunca deveríamos ter ido para o Iraque. Destabilizámos o Médio Oriente".

O assalto de Trump contra Jeb surgiu no momento em que está previsto o regresso do ex-Presidente à arena política. Já nesta segunda-feira, estará num comício do irmão em North Charleston, na Carolina do Sul. A ofensiva de Trump electrizou o debate e provocou uma troca de ataques durante os quais Jeb Bush acusou o magnata e estrela da televisão de não passar de uma vedeta oca e sem qualquer visão do mundo.

Jeb Bush acusou Donald Trump de ter tornado o exercício de fazer troça e de atormentar a família Bush num "desporto sangrento". "Estou farto e cansado de o ver a perseguir a minha família", disse o antigo governador da Florida. "Enquanto Donald Trump produzia um programa de televisão, o meu irmão produzia um dispositivo de segurança para nos manter a salvo".

George W. Bush recebeu um rasgado elogio do candidato Marco Rubio (senador da Florida), que mantém uma relação fria com o seu antigo mentor, Jeb: "Não me canso de agradecer a Deus por George W. Bush estar na Casa Branca no dia 11 de Setembro e não Al Gore [o candidato democrata que George W. Bush derrotou nas polémicas eleições presidenciais de 2000]. Ele manteve-nos a salvo."

Trump contra-atacou: "O World Trade Center foi derrubado no reinado de George Bush. Ele manteve-nos a salvo? Acho que não!"

A assistência, composta por centenas de activistas e doadores republicanos da Carolina do Sul, apuparam Donald Trump em várias ocasiões. Mas o candidato, que descartou um público de "lobistas" e "representante dos interesses especials de Jeb", fez o mesmo à assistência.

Trump tentou canalizar a frustração dos muitos americanos que estão cansados de mais de uma década de guerra e que têm medo da ameaça dos terroristas do Estado Islâmico.

"Temos de destruir o ISIS [Estado Islâmico]. Eles cortam cabeças. São animais. Temos de os levar ao tapete. Temos de os levar ao tapete com força", disse Trump. "Estamos no Médio Oriente há 15 anos e ainda não ganhámos nada."

O debate na Carolina do Sul foi um momento notável da batalha pela nomeação dentro do Partido Republicano. Resumindo tudo o que se passou, o governador do Ohio e também candidato, John Kasich, desabafou: "Tenho que vos dizer: isto é uma loucura. Isto é uma maluquice."

Com Jenna Johnson; Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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