Ex-vice-presidente da Câmara de Braga paga caução de 100 mil euros para ficar em liberdade

Vítor Sousa é suspeito de corrupção num processo relacionado com a Transportes Urbanos de Braga. Restantes quatro arguidos também ficaram em liberdade, dois deles mediante pagamento de caução.

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Vítor Sousa está "fortemente indiciado" de corrupção passiva e administração danosa Manuel Roberto (arquivo)

Depois de dois dias de interrogatórios, o ex-vice-presidente da Câmara de Braga, Vítor Sousa, que estava detido desde quinta-feira, saiu neste domingo em liberdade após o pagamento de uma caução de 100 mil euros. O antigo autarca e ex-administrador dos Transportes Urbanos de Braga (TUB) fica também proibido de se ausentar do país e terá de entregar o seu passaporte. Deverá também apresentar-se quinzenalmente, às sextas-feiras, no posto policial da sua área de residência.

Segundo o despacho da juíza de instrução criminal no Tribunal de Braga, citado pela Lusa, o arguido está “fortemente indiciado” de corrupção passiva para acto ilícito e de administração danosa. Ao todo, a operação conduzida pela Polícia Judiciária levou à constituição de cinco arguidos no processo relacionado com compra de autocarros para os TUB. Os interrogatórios duravam desde sexta-feira e durante a tarde de domingo a juíza Magda Cerqueira tinha começado a elaborar o despacho, que só foi comunicado à noite.

Também Cândida Serapicos, ex-vogal da administração dos TUB e adjunta do ex-presidente na Câmara de Braga, Mesquita Machado, saiu em liberdade mediante o pagamento de uma caução de 27 mil euros. Ficou também sujeita à entrega do passaporte e a apresentações quinzenais na polícia. O actual director dos TUB, Luís Gomes do Vale, “fortemente indiciado” de corrupção passiva para acto ilícito, fica sujeito às mesmas medidas e terá de pagar 23 mil euros e suspender funções.

Já os dois “altos quadros” da empresa alemã MAN (Luís Paradinha e Patrick Götz) “fortemente indiciados” de corrupção activa em prejuízo do comércio internacional e de administração danosa ficam sujeitos a apresentações quinzenais. Todos estão proibidos de qualquer contacto entre eles.

No sábado, Artur Marques, advogado de Vítor Sousa, tinha dito que os interrogatórios estavam a correr muito bem “na perspectiva da defesa e da justiça” e mostrou-se convencido de que as medidas de coacção não seriam “muito gravosas”, considerando que os esclarecimentos prestados pelos arguidos “alteraram os pressupostos” que levaram à sua detenção.

A detenção dos cinco arguidos ocorreu no cumprimento de mandados emitidos no âmbito de um inquérito dirigido pelo Departamento de Investigação e Acção Penal de Braga. Vítor de Sousa, candidato do PS nas últimas autárquicas, é suspeito de ter recebido luvas para facilitar a compra de mais de uma dezena de autocarros a uma empresa local, que representava em Braga o gigante da indústria automóvel.

No conjunto dos arguidos, a PJ contabiliza o valor das contrapartidas em “várias centenas de milhares de euros”. Segundo um comunicado da PJ, aqueles responsáveis dos TUB “presumivelmente viciaram, durante cerca de meia dúzia de anos, os procedimentos concursais para aquisição de viaturas pesadas de transporte de passageiros”. A ideia seria “beneficiar” a MAN, empresa que também foi constituída arguida neste processo.

De acordo com o Jornal de Notícias, a denúncia anónima que deu origem à investigação, em Maio de 2012, incluía cópias de cheques, passados entre 2006 e 2008, que tinham como beneficiários Vítor Sousa e Cândida Serapicos, antiga vogal dos TUB. com Mariana Oliveira

 

 

 

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