Polícia israelita mata segundo jovem palestiniano em confrontos na Cisjordânia

Tensões agravam-se com violência do fim-de-semana em Jerusalém. Netanyahu promete "guerra total".

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Decisão de vedar o acesso à maioria dos palestinianos à zona antiga de Jerusalém provocou motins na Cisjordânia Abbas Momani/AFP

A semana de violência em Israel jorrou novamente para a Cisjordânia e Faixa de Gaza nesta segunda-feira. Em Belém, a polícia israelita atingiu mortalmente um jovem palestiniano de 13 anos, ao responder com balas reais à multidão que lhes atirava com pedras e cocktails Molotov. É o segundo jovem que morre em dois dias de confrontos com as autoridades de Israel no território ocupado e um novo indício das tensões entre israelitas e palestinianos que se prolongam há semanas e que explodiram nos últimos dias.

Os motins na Cisjordânia começaram ao ser decretado no domingo o encerramento de dois dias da Cidade Velha de Jerusalém a palestinianos que lá não sejam residentes ou estudantes. Uma medida decidida pelo Governo israelita depois de, no sábado, um palestiniano armado com uma faca ter atacado uma família israelita nessa parte da cidade. Matou o pai, soldado, e um outro homem, rabino, que tentou evitar o ataque, feriu a mulher e o filho bebé. Um dia depois, um segundo palestiniano esfaqueou e feriu outro jovem israelita, também na Cidade Velha.

A polícia matou os dois suspeitos e, no domingo, o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou novas medidas destinadas “a evitar o terror e a deter e punir os atacantes”. “Estamos numa guerra total contra o terrorismo e vamos travá-la agressivamente”, prometeu à chegada a Jerusalém, vindo da Assembleia Geral das Nações Unidas que decorreu em Nova Iorque.

O primeiro-ministro israelita é pressionado pela comunidade ultra-religiosa e conservadora, representada pela ala mais à direita da sua coligação, que teme a chegada de uma “terceira Intifada” – o título do diário conservador Yediot Ajaronot desta segunda-feira. Segundo Netanyahu, estão em calha novas políticas, mais rápidas, para demolições das habitações dos atacantes, mais detenções sem julgamento para suspeitos e reforços policiais e militares em Jerusalém e na Cisjordânia.

O encerramento da Cidade Velha de Jerusalém à maior parte dos palestinianos até ao final do feriado judeu de Sukkot, nesta segunda-feira, alimenta a contestação da comunidade muçulmana contra aquilo que ela diz ser uma tentativa israelita em lhe vedar o acesso à mesquita de al-Aqsa, nessa parte da cidade. O executivo israelita nega-o, mas a polícia recusa frequentemente a entrada de palestinianos com menos de 50 anos, evocando preocupações de segurança – o local é frequentemente local de motins contra a polícia.

No domingo, o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, pediu ao secretário-geral das Nações Unidas protecção internacional para os palestinianos, “antes que as coisas fiquem fora de controlo”. Ban Ki-moon respondeu no mesmo dia, apelando a israelitas e palestinianos que “condenem a violência” e que “fizessem tudo o que podem para evitar o agravamento das tensões”.

A violência faz-se sentir para além dos motins na Cisjordânia – Ramallah, como é frequente, foi ponto central dos confrontos. Nesta segunda-feira, caças israelitas fizeram ataques aéreos contra aquilo que dizem ser um edifício do braço armado do Hamas na Faixa de Gaza, as brigadas Qassam. Não há mortos ou feridos, segundo escreve o diário israelita Haaretz, embora o edifício tenha ficado “severamente danificado”.

Foi uma resposta ao disparo de dois rockets de Gaza contra o Sul de Israel, na noite de domingo. Também estes não fizeram vítimas. Um dos explosivos caiu numa zona despovoada junto à fronteira e o segundo não conseguiu sair do território palestiniano. Os rockets foram reivindicados por salafistas do grupo extremista Jihad Islâmica, com ligações ao autoproclamado Estado Islâmico, e que reivindicou o ataque de sábado contra a família israelita. Mas o Exército israelita dá como culpados os militantes do Hamas.

Fez o mesmo na quarta-feira, também em resposta ao lançamento de um rocket, este interceptado pela defesa antimíssil israelita. Aí, diz o Exército, foram destruídos quatro campos de treino das Qassam. Um dia mais tarde, atiradores que viajavam num carro mataram um casal israelita na Cisjordânia. 

 

 

 

 

 

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