Obama promete "inquérito completo" a ataque dos EUA a hospital no Afeganistão

Médicos sem Fronteiras anunciam o encerramento do hospital de Kunduz e pedem investigação independente.

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Foto dos Médicos sem Fronteiras, sobre o bombardeamento ao hospital AFP/MSF

O Presidente norte-americano, Barack Obama, prometeu um “inquérito completo” ao bombardeamento a um hospital dos Médicos sem Fronteiras (MSF) em Kunduz, no Afeganistão, que matou pelo menos 19 pessoas. A organização quer um inquérito independente internacional.

Obama apresentou as suas “mais profundas condolências”, após o ataque aéreo da madrugada de sábado que matou 12 funcionários da organização não-governamental e sete doentes, incluindo três crianças, mas disse que espera os resultados do inquérito “antes de fazer um julgamento definitivo sobre as circunstâncias desta tragédia”.

 “Contar apenas com uma investigação interna de uma das partes envolvidas no conflito seria totalmente insuficiente”, reagiu o director-geral dos MSF, citado pela Reuters. Christopher Stokes admite ter sido “cometido um crime de guerra”.

Numa primeira reacção ao ataque que fez também 37 feridos, os responsáveis militares norte-americanos confirmaram um raide aéreo na cidade mas disseram que os alvos eram “indivíduos que ameaçavam” as forças dos EUA. “Pode ter provocado danos colaterais numa instalação médica localizada nas imediações”, admitiu o coronel Brian Tribus.

A NATO, que tem 13 mil soldados no Afeganistão, 10 mil dos quais norte-americanos, admitiu também “danos colaterais” num raide contra combatentes taliban.

Os combates em Kunduz intensificaram-se desde o fim-de-semana passado, quando os taliban tomaram a cidade - a sua maior vitória militar desde que foram afastados do poder em 2001 por uma coligação liderada pelos EUA, logo após os atentados terroristas de 11 de Setembro.

As forças afegãs, com o apoio aéreo norte-americano, dizem ter recuperado o controlo da cidade nos últimos dias, mas os combates prosseguem. As vítimas, tanto residentes como militantes taliban – foram tratadas no hospital dos Médicos Sem Fronteiras, e as forças afegãs asseguram que os seus inimigos usavam a instalação como escudo.

Uma porta-voz dos MSF anunciou entretanto o encerramento do hospital em Kunduz e a partida de todo o seu pessoal médico da cidade. “O hospital dos MSF já não está em condições de funcionar. Os pacientes que se encontravam em estado crítico foram transferidos para outros estabelecimentos médicos”, disse Kate Stegeman, em declarações à agência AFP. Este hospital era o único capaz de tratar feridas de guerra mais graves em todo o nordeste do Afeganistão.

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