Concorda com a realização de jogos de futebol envolvendo os três “grandes” em dia de eleições?

Desde que há eleições democráticas em Portugal, há mais de 40 anos, esta é a primeira vez que se realizam jogos de futebol da I Liga em dia de votação. Neste caso, esta coincidência não ocorre de modo deliberado ou intencional, mas apenas em função dos regulamentos da Liga Portuguesa de Futebol Profissional, da Federação Portuguesa de Futebol e da UEFA, que obrigam a que se cumpra um mínimo de 72 horas entre jogos. Por isso, Benfica, FC Porto, Sporting, Sp. Braga e Belenenses, que estão a disputar provas europeias e tiveram compromissos a meio desta semana, foram autorizados a jogar no próximo domingo, dia do acto eleitoral. Até porque, no dia seguinte [5 de Outubro], os jogadores internacionais terão de apresentar-se nas respectivas selecções.

O ideal seria que não se verificasse esta sobreposição de eventos, mas creio que a realização dos jogos não terá um impacto significativo em relação à participação dos eleitores nas urnas. Quem quiser votar, não o poderá fazer apenas por um período de duas ou três horas, que é o tempo de duração aproximado que implicaria assistir a um jogo no estádio. O povo português é adulto, temos uma democracia consolidada e não será por causa do futebol que, infelizmente, a abstenção não deixará de ser superior a 40%. Acredito que os jogos que irão realizar-se no domingo não servirão para reforçar este número já de si dramático.

O ideal seria que cada português pudesse gozar o prazer de assistir ao jogo do seu clube, mas, por outro lado, não deixasse de cumprir o seu dever cívico de votar. Mesmo assim, muitos não o farão com ou sem o pretexto futebol. É que, a fazer fé nas muitas sondagens que se conhecem, parece-me que há quem esteja cansado das promessas dos políticos que, infelizmente, têm contribuído para que continuemos a viver com bastantes dificuldades em todas as áreas.

Ex-presidente da Liga Portuguesa de Futebol Profissional e ex-autarca

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