GNR desiste de acções de protesto durante campanha eleitoral

Associação dos Profissionais da Guarda apanha organizações congéneres de surpresa e justifica-se dizendo não querer ser conotada com partidos políticos.

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A Associação dos Profissionais da Guarda (APG/GNR) desistiu das acções de protesto que tinha anunciado esta quinta-feira para a campanha eleitoral da coligação PSD/CDS, depois de o Governo não ter aprovado o seu estatuto profissional. Outras organizações congéneres dizem-se apanhadas de surpresa perante o “volte-face” desta associação, que é a mais representativa no seio da GNR.

Na origem do cancelamento destas acções de protesto está, segundo o presidente da APG, César Nogueira, a imagem negativa com que os guardas poderiam ficar se irrompessem pela campanha eleitoral munidos de cartazes e a gritar palavras de ordem. “Seria uma atitude um bocado irresponsável”, diz o dirigente associativo, um dia depois de ter anunciado acções de protesto durante a campanha eleitoral. “Não queremos ser conotados com partidos políticos. Somos apartidários”, justifica-se, acrescentando que se mantém a manifestação nacional de guardas marcada para o último dia de campanha, a 2 de Outubro – que não servirá para boicotar nenhum comício.

A desistência apanhou de surpresa quer a Associação Sócio-Profissional Independente da Guarda quer a Associação Nacional de Guardas. O líder da primeira organização, José Alho, assegura que contraria o que havia ficado decidido numa reunião que quatro estruturas associativas tiveram no início da semana no Porto. Foi consensual que os guardas protestariam durante as acções de campanha eleitoral da coligação caso não conseguissem a revisão do seu estatuto profissional, diz José Alho. “Não estávamos à espera deste volte-face da APG, até porque as quatro associações iriam tomar decisões sobre o assunto numa reunião marcada para a semana que vem”, refere por seu turno o presidente da Associação Nacional de Guardas, Virgílio Ministro.

Já a Associação Nacional de Oficiais da GNR entende não existir neste momento utilidade nas manifestações, uma vez que o Governo já relegou a aprovação do estatuto que negociou nos últimos meses com estas organizações para a próxima legislatura. “O descontentamento era uma forma de pressão. Agora já não há nada a fazer”, reconhece o principal dirigente da associação dos oficiais, Santos Alves. “A não ser que haja muita gente a querer manter estes protestos”, ressalva. 

Questionado sobre a mudança radical de posição da associação que dirige em menos de 24 horas, César Nogueira explica que o recuo foi decidido numa reunião de dirigentes nacionais da APG/GNR realizada já esta sexta-feira. "Nem todos viam com bons olhos a ida às acções de campanha eleitoral", explica.

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