BCE endurece condições de financiamento dos bancos gregos

Instituições financeiras têm de apresentar mais garantias para obterem liquidez de emergência.

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Para terem liquidez, bancos gregos passam a ter de apresentar mais garantias JOEL SAGET/AFP

A ruptura de liquidez da banca grega foi evitada, pelo menos para já, mas a pressão mantém-se com a decisão tomada na noite desta segunda-feira pelo Banco Central Europeu. A autoridade monetária manteve a linha de emergência no seu nível actual, de 89 mil milhões de euros, fixado a 26 de Junho, dia em que foi anunciado o referendo.

Mas se é facto que o conselho de governadores não abandonou a Grécia, é também verdade que não seguiu o pedido do banco central helénico para aumentar o montante da linha de liquidez de emergência (ELA, na sigla em inglês) – em 3000 milhões de euros, segundo a agência espanhola Efe – e endureceu as condições exigidas para manter a liquidez que permite ao sistema financeiro grego continuar a funcionar.

A decisão mantém sob forte pressão as instituições financeiras gregas e o Governo do país, cuja margem de manobra para garantir o financiamento à economia é cada vez menor, uma vez o financiamento de emergência da última semana saiu dos 89 mil milhões de euros que não foram reforçados.

O BCE informou, em comunicado, que a assistência de liquidez “só pode” ser providenciada “mediante colateral [garantias para conceder financiamento] suficiente”. O conselho de governadores, acrescenta, decidiu “ajustar os haircuts [cortes] no colateral aceite pelo Banco da Grécia” para financiar as instituições bancárias. Mas não foi adiantada a dimensão desse ajustamento.

Trocado por miúdos: o BCE passa a exigir mais garantias aos bancos como contrapartida para a concessão de novos montantes de liquidez que saem do “bolo” de 89 mil milhões. Resta saber se as instituições financeiras têm ainda colaterais suficientes para apresentarem junto do Banco da Grécia para continuarem a aceder à linha de emergência.

O BCE justificou esta decisão com o facto de a situação financeira do Estado grego ter um “impacto nos bancos gregos, já que o colateral utilizado na ELA depende em grande medida de activos relacionados com Estado”.

O jornal Financial Times noticiou que decisão teve a discordância de dois membros do conselho de governadores – formado por 25 – que reclamaram medidas mais duras, como uma redução da dimensão do mecanismo de liquidez ou mesmo a sua interrupção.

O francês Le Monde escreveu que no BCE as reservas a uma ajuda à Grécia são cada vez maiores. O governador do banco central alemão, Jens Weidmann, considera que a ajuda à Grécia está nos limites do mandato da instituição e deseja pôr-lhe fim.

A urgência de uma solução foi sublinhada por um dos membros do conselho de governadores, antes da reunião desta terça. Ewald Nowotny, líder do banco central austríaco, disse que é “impensável” que a banca grega, actualmente sob controlo de capitais, se mantenha fechada por um período prolongado de tempo.

O futuro do programa de liquidez de emergência estará, como também observa o diário francês, dependente do desenlace da cimeira dos líderes do Eurogrupo convocada para esta terça-feira.

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