Número de mortos do acidente aéreo na Indonésia sobe para mais de 140

Autoridades estão a ter dificuldades em confirmar quantas pessoas se encontravam a bordo do avião militar que se despenhou em Medan, na ilha de Sumatra.

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As causas do acidente ainda não foram confirmadas ATAR/AFP

Os números oficiais apontam para mais de 140 mortos, um dia após a queda do avião militar Hercules C-130, em Medan. O aparelho despenhou-se na terça-feira, pouco tempo depois de levantar voo, de uma base militar na ilha de Sumatra. A ausência de um registo fiável dos passageiros que viajavam a bordo do avião está a dificultar a acção das autoridades e levanta críticas sobre a falta de controlo nos voos militares.

Primeiro 12, depois 60, mais tarde 113 e agora mais de 140. Foi esta a evolução do número de mortos, nas últimas 24 horas, após o Hercules C-130 se ter despenhado numa zona residencial de Medan, a terceira maior cidade da Indonésia, perto das 12h00 locais (6h00 em Portugal). As últimas actualizações apontam para 141 mortos, dos quais 122 viajavam a bordo do aparelho militar. Outras 19 pessoas morreram, tendo sido atingidas pelos destroços do Hercules, em terra. Calcula-se que os números possam aumentar, à medida que avance o trabalho das equipas de socorro, no local.

As causas do acidente ainda não foram confirmadas pelas autoridades indonésias, que já iniciaram uma investigação. Algumas testemunhas referiram à comunicação social do país que o avião estava a deitar fumo quando se despenhou, pelo que cresce o rumor que se tratou de uma falha mecânica.

“O piloto pediu para voltar para trás”, informou ao jornal indonésio Tribunnews o chefe de gabinete da Força Aérea do país, Agus Supriyatna. “Deve ter havido alguma avaria [no avião] ”, acrescentou, dizendo ainda que poderá ter sido um “problema num dos motores ou no sistema hidráulico”. De qualquer forma Supriyatna alertou que “não podia confirmar” nada, uma vez que as investigações estão a decorrer.

Dwi Badarmanto, também da Força Aérea da Indonésia, tinha informado a Reuters, na terça-feira, já depois da confirmação da morte dos 12 membros da tripulação, que se encontravam mais “113 pessoas a bordo” do Hercules. Esta quarta-feira, os números voltaram a mudar. Um membro da polícia local, Agustinus Tarigan, reportou a identificação de 141 corpos, segundo informam a BBC e o jornal The Guardian.

O número exacto de passageiros que se encontravam a bordo do avião militar é, precisamente, a questão mais polémica que envolve o acidente e que levanta algumas interrogações face à falta de controlo no registo de passageiros nos voos militares. Segundo noticia o Guardian, é prática comum, na Indonésia, viajar em aviões do exército, para se chegar a zonas mais remotas do vasto país, dividido por um arquipélago, sendo necessária a autorização dos responsáveis pela base de onde parte o avião.

Citados pela Reuters, familiares das vítimas garantem que alguns passageiros “pagaram para viajar no avião”, tendo-lhes sido pedido, pelo exército, “800,000 rupias (cerca de 50 euros)”. Agus Supriatna negou que tenha sido pedido dinheiro aos passageiros, mas confessa que “teme que possam ter havido certas pessoas a oferecer-se para levar passageiros (…) sem permissão”. Isto porque é permitido que os militares levem consigo familiares próximos, situação que leva, por vezes, à presença de várias pessoas, não ligadas ao exército, a bordo dos aviões militares.

“Tínhamos uma lista [com o registo dos passageiros] que mudou bastante”, disse Dwi Bandarmanto, citado pelo Guardian. “Estavam algumas crianças a bordo que não aparecem no registo, talvez cinco ou oito”, explicou, admitindo, porém, que o exército está a investigar a presença de passageiros civis, sem ligação a membros do exército.

Para além da debilidade do controlo dos passageiros e das repetidas violações de regras nos voos militares, também a renovação do equipamento de aviação da Indonésia é um debate em crescendo no país. Horas após o despiste do Hercules C-130, em actividade desde 1964, o Presidente Joko Widodo admitiu, num programa de televisão local, que é necessário “modernizar” e fazer uma “reestruturação” no equipamento militar.

Texto editado por Joana Amado

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