Eni recompra obrigações convertíveis em acções da Galp

Acções da Galp negoceiam em queda com a expectativa de que a petrolífera italiana vai pôr à venda 4% do capital da empresa.

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No ano passado a Eni encaixou 700 milhões de euros com venda de 7% da Galp Joana Camões (arquivo)

A Eni anunciou esta quinta-feira uma oferta de recompra de obrigações convertíveis em acções da Galp. Trata-se de uma emissão lançada em 2012, que vence em Novembro e que tem como colateral a posição da petrolífera italiana na empresa portuguesa: 8% do capital.

Em causa estão 1028 milhões de euros, dos quais a petrolífera italiana pretende recomprar um máximo de 515 milhões, ou seja, cerca de metade da emissão, equivalente a 4% do capital da Galp. Em 2012 a Eni comunicou que o preço de conversão das obrigações em acções deveria rondar os 15,5 euros.

No comunicado que divulgou esta quinta-feira, a empresa italiana não explica o que pretende fazer com os títulos da Galp subjacentes às obrigações que forem recompradas (e canceladas), mas o mercado já antecipa que serão vendidos: os títulos da Galp seguiam a descer 1,05%, para 10,8 euros, ao início da tarde. A operação é potencialmente negativa para a Galp “porque poderá significar que a ENI está a preparar-se para colocar [no mercado] parte da participação de 4% do capital da Galp", explicaram os analistas do BESI, numa nota de research, citada pela Reuters.

"Assumimos que vão começar a vender a primeira tranche de 50% assim que concluam a oferta de recompra, enquanto a segunda tranche poderá ser [vendida] em Novembro, quando o resto das obrigações maturam", referiu o BESI. São cenários que colocam pressão sobre as acções da Galp, num momento em que a cotação do petróleo também tem penalizado os títulos do sector.

De acordo com a nota publicada pela Eni, os detentores de obrigações que pretendam participar na oferta deverão fazer as suas propostas até ao final desta tarde, sendo que a concretização da transacção deverá ocorrer a 4 de Junho.

Segundo a ENI, a operação está a ser organizada pelo Deutsche Bank, Mediobanca, Morgan Stanley e UBS.

Em Março do ano passado a Eni já tinha vendido 7% do capital da Galp junto de investidores institucionais, encaixando com a operação cerca de 702 milhões de euros.

É também sob a forma de obrigações convertíveis que se materializa a posição de 7% que o Estado ainda detém na Galp, via Parpública. Em 2010, no âmbito da quinta fase da reprivatização da empresa, a holding que gere as participações do Estado em empresas realizou uma emissão obrigacionista de 900 milhões de euros, com vencimento em 2017, que tem como colateral 58 milhões de títulos da petrolífera.

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