ARC coloca rating de Portugal acima de “lixo”

Agência de origem portuguesa atribui classificação BBB- na sua primeira avaliação.

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O movimento considera que os políticos "exerceram os seus poderes e funções numa completa adulteração" Enric Vives-Rubio

A agência de rating ARC colocou o rating português acima do nível “lixo” na sua primeira avaliação feita ao país.

No relatório publicado na passada sexta-feira, a ARC – uma agência com origem na portuguesa Companhia Portuguesa de Rating, que se associou com firmas provenientes da Índia, Malásia, Brasil e África do Sul – atribui a Portugal um rating BBB-, com uma perspectiva de evolução “estável”.

Esta classificação é superior à atribuída pelas três mais conhecidas agências de rating internacionais – Standard & Poor’s, Moody’s e Fitch – que ainda colocam Portugal num nível “lixo”. Uma outra agência, a DBRS, com sede no Canadá, que também é considerada pelo BCE na avaliação dos activos que aceita como garantia, atribui a Portugal um rating idêntico ao da ARC.

A ARC vê a economia portuguesa como “geralmente pouco competitiva”, “excessivamente endividada” e, por isso, não deverá conseguir nos próximos anos uma taxa de crescimento do PIB superior a 2%.

Pela positiva, a agência destaca o sucesso obtido na estabilização da economia, uma retoma que se está a basear nas exportações e o facto de os principais partidos políticos terem “plataformas políticas semelhantes”.

O facto de a perspectiva de evolução do rating português ser estável significa que a ARC não está a prever para os tempos mais próximos uma mudança da classificação atribuída.

A agência diz que uma subida do actual rating apenas poderá acontecer na eventualidade de uma melhoria da competitividade do país. “Um cenário desse tipo teria provavelmente de envolver a transformação da estrutura da economia, incluindo uma consolidação do sector empresarial, além da criação de perspectivas muito melhores para o investimento”, afirma o relatório.

No sentido inverso, a ARC avisa que uma descida do rating poderia ocorrer, se se concretizasse um “ambiente deflacionário” ou um cenário político “fracturado”, que não permitisse a concretização do programa de reformas estruturais e a continuação da consolidação orçamental. Também haveria um impacto negativo no rating caso se verificasse um aumento significativo do volume acumulado de dívidas fiscais.

Outro risco para o rating português viria de um maior risco de saída da Grécia do euro. A ARC avisa que, nessa eventualidade – ou simplesmente se a permanência na zona euro de outros países incluindo Portugal ficar sob pressão – o rating será reavaliado. “As possíveis condutas de transmissão desses riscos poderiam ser o fecho ou a alteração dos preços dos mercados financeiros e/ou a fuga de depósitos, o que agravaria os riscos de liquidez, talvez em todos os países da periferia da zona euro”, afirma o relatório.

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