Em Milão, uma nova Fundação Prada para as artes e a Expo 2015

Saber mais sobre as inspirações de Roman Polanski, beber no bar de Wes Anderson, ver o trabalho de alguns dos mais importantes arquitectos do mundo. E comer para alimentar o planeta.

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O modelo para a Fundação Prada em Milão DR

Maio começa assim em Milão, com uma exposição universal e com a inauguração de um grande espaço para a arte contemporânea. Tudo começa com a comida. E com um documentário de Roman Polanski e um bar de Wes Anderson.

Primeiro a Expo 2015, que esta sexta-feira começa o seu programa de seis meses de mostras, performances e conferências na zona norte de Milão sob um tema central - Feeding the Planet, Energy for Life (Alimentar o Planeta, Energia para a Vida). Vai decorrer em mais de um milhão de metros quadrados na periferia noroeste da cidade, num complexo desenvolvido por cinco importantes conselheiros e arquitectos - Stefano Boeri, Richard Burdett, Jacques Herzog, Joan Busquets e William McDonough – para “um encontro fresco com a agricultura e a cidade que alimentará, literal e intelectualmente, a cidade”, diz a organização. Nada de simuladores e imagens, nem de documentos, mas sim um agro-parque rodeado por água, canais e detalhes de arquitectura paisagística. Até 31 de Outubro, a Expo 2015 dá palco a 145 países (Portugal não está entre os participantes) para que estes mostrem as suas propostas de respostas tecnológicas que ajudem a garantir alimentos de qualidade. E ali também se vai comer, claro, do cacau de São Tomé à quinoa da Bolívia. 

Uma semana depois, a Prada instala-se em Milão com um complexo que já foi descrito como “colossal” pela sua dimensão e ambição. E que os peritos estimam que vá ser um futuro marco significativo para a arte contemporânea na cidade. Depois de 22 anos a servir de mecenas às artes e a abrir portas de instalações temporárias com grandes nomes na cidade do norte de Itália (e com residência em Veneza no palazzo Ca’ Corner della Regina, onde há quatro anos tem um espaço expositivo), a Fundação Prada ganha uma nova casa milanesa pelas mãos da firma de arquitectura OMA de Rem Koolhaas.

O lugar: uma antiga destilaria num bairro industrial, com um pátio central e uma dimensão de espaço expositivo de 11 mil m2 que mais do que duplica, como comparou o New York Times, o do novo museu Whitney de Nova Iorque. Sete edifícios antigos, da destilaria, convivem com novo edificado de vidro, cimento branco e alumínio em Largo Isarco, na zona sul de Milão. São 19 mil m2 com três novas estruturas, uma para acolher exposições temporárias, outra para instalações de longa duração e ainda uma sala multiusos que poderá receber cinema, conferências ou actuações ao vivo. Para Koolhaas, não é suposto serem vistos como um só. São, assumidamente “novo e velho que se confrontam num estado de permanente interacção”, como disse o arquitecto ao diário norte-americano.

É no cinema que vai passar no dia 9 o documentário preparado por Polanski, centrado no que o inspira no cinema, para o dia da inauguração da nova Fundação Prada em Milão, depois do qual os convidados poderão ir beber um copo ao bar criado por Wes Anderson à imagem dos antigos cafés milaneses. Dois realizadores que servem de corolário aos sete anos de preparação deste projecto que tem como mentores a própria Miuccia Prada, directora criativa da marca de moda, e o seu marido, Patrizio Bertelli, CEO da casa italiana.

Abre ainda com instalações site specific de Robert Gober e Thomas Demand (Processo Grottesco) e com uma exposição centrada em peças da Colecção Prada (sobretudo obras dos anos 1950 em diante, mas também com peças anteriores): Serial Classic, que estará até 24 de Agosto na Fundação Prada, é comissariada por Salvatore Settis e com design de exposição da OMA, reúne peças emprestadas de mais de 40 museus do mundo, incluindo o Louvre, o Prado de Madrid ou o Metropolitan de Nova Iorque. Estabelece, com uma outra exposição-espelho em Veneza (Portable Classic), um olhar sobre a reprodução com a ajuda de esculturas gregas e romanas da antiguidade clássica, mas também do Renascimento e do Neoclássico. 

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