Oposição vence na Finlândia
Partido do Centro é o mais votado enquanto eurocépticos ficam em quarto lugar, segundo resultados preliminares.
O Partido do Centro, na oposição, venceu as eleições na Finlândia como era esperado, indicam tanto os resultados preliminares como as sondagens à boca nas urnas.
O próximo primeiro-ministro deverá ser, se se confirmarem estes resultados, Juha Sipila, 53 anos, cujo percurso como empresário de sucesso o ajudou a convencer um eleitorado preocupado com a crise no país que está em recessão há três anos.
O seu partido venceu com cerca de 23% dos votos, ainda segundo estes resultados. De acordo com as primeiras projecções, terá 47 dos lugares no Parlamento de 200 deputados.
“Estou verdadeiramente feliz com os resultados”, declarou Sipila à estação de televisão pública finlandesa Yle. Com uma votação fragmentada e uma tradição de governos alargados, é normal que as negociações demorem algum tempo até se encontrar uma fórmula para um executivo. O resultado, disse o vencedor, “abre várias possibilidades de coligação”.
Este ano, Sipila admitiu uma possível entrada do partido eurocéptico e nacionalista Os Finlandeses (antes chamado Verdadeiros Finlandeses) no Governo, o que a verificar-se ia acontecer pela primeira vez. O líder dos Finlandeses, Timo Soini, também pôs essa hipótese. As projecções davam-lhe, no entanto, apenas um quarto lugar, com 35 deputados.
Os segundo e terceiro classificados estavam muito perto: pareciam ser os conservadores, do primeiro-ministro Alexander Stubb, com 38 deputados, seguidos dos sociais-democratas (também presentes no Governo) com 36.
Os Finlandeses tinham conseguido quase 20% nas últimas eleições, em 2011, com o debate centrado nos empréstimos a países em dificuldades (incluindo Portugal), mas apesar das preocupações com a crise, não terão conseguido capitalizar com esta questão este ano. São uma excepção no panorama europeu dos últimos meses – um partido eurocéptico que não conseguiu melhores resultados no actual cenário.
Durante a campanha, Soini evitou falar demasiado de temas europeus e centrou-se nas questões internas.
O Governo de Stubb foi muito criticado por não conseguir levar a cabo as reformas que prometeu e Sipila poderá ter relutância em chamar para governar os principais partidos que estiveram no executivo (conservadores e sociais-democratas).
“O nosso país merece melhor”, dizia Sipila no seu blogue no dia antes da votação, prometendo romper com “o imobilismo” do executivo anterior, apanhado num círculo de recessão com dificuldades como a queda de empresas como a Nokia e os efeitos das sanções contra a Rússia, um grande parceiro comercial da Finlândia.
A atenção dada a Soini tem sobretudo a ver com a sua oposição a empréstimos a países em dificuldades – o seu partido sempre votou contra no Parlamento. O líder dos Finlandeses também defendeu já que a Grécia deveria sair do euro. Num governo com este partido, a Finlândia poderia assumir uma posição (ainda mais) dura em negociações com a Grécia, quando estas avançam para uma fase decisiva e se antecipa que Atenas possa ter de vir a pedir um terceiro empréstimo.
Mas as expectativas deste conseguir um papel relevante no Governo saem diminuídas se for confirmado o quarto lugar, e Sipila pode acabar por preferir incluir um dos partidos mais votados como parceiro de peso (é depois normal que partidos mais pequenos integrem as coligações; o Governo cessante começou com seis partidos). Tradicionalmente, o segundo partido mais votado fica com o Ministério das Finanças.
O vencedor prometeu medidas de austeridade para cortar a dívida.