Reduzir custos do trabalho para empresas é o desafio que Passos deixa por fazer

Primeiro-ministro afirma que a boa imagem de Portugal no estrangeiro fez com que os investidores externos mostrassem confiança na economia portuguesa mais cedo do que os investidores nacionais.

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Depois do programa de ajustamento, do saneamento das contas públicas e das reformas fiscais, o que este Governo deixa por fazer é a redução dos custos do trabalho para as empresas, mas Passos Coelho acredita que o poderá cumprir nos próximos anos. O primeiro-ministro defendeu que com este cenário investir em Portugal é uma “escolha racional, certa e este é o momento para o fazer”.

Numa intervenção de cerca de meia hora na abertura da conferência “Invest in Portugal: right choice, right time”, da AICEP, o governante realçou as boas condições do país para receber investimento estrangeiro e traçou um quadro muito positivo da evolução económica nos últimos anos, tendo como base de comparação o antes e o depois do programa de ajustamento da troika, e exemplificando com algumas reformas que o seu executivo implementou e que tornaram a economia “mais competitiva”.

“Sabemos que não estamos ainda, do ponto de vista fiscal, no mesmo nível de atractividade de outros países europeus. Mas estamos a caminhar para lá: temos um novo código fiscal do investimento, um novo código do IRC. Fizemos a redução da taxa em 2014, 2015 e iremos fazê-la em 2016. Iremos prosseguir o ritmo que tínhamos apontado”, prometeu.

“O custo do trabalho para as empresas ainda é muito elevado. Essa foi talvez a única reforma importante que não conseguimos nestes quatro anos. Mas será um objectivo importante para cumprir nos próximos anos”, apontou o primeiro-ministro. Que disse acreditar que o país conseguirá concretizar essa reforma com a ajuda da União Europeia nos próximos quatro anos.

Durante os quatro anos desta legislatura, o Governo “conseguiu apresentar resultados que muitos achavam duvidosos e impossíveis”, salientou o primeiro-ministro, que deu ainda mais ênfase ao facto de o seu Governo ter “invertido uma tendência muito antiga: a de Portugal ter uma economia fechada”.

Hoje, especificou, o país “tem um excedente externo – pequeno, mas excedente, como durante dezenas de anos não teve”. Citou a melhoria das exportações para mostrar que Portugal tem uma economia mais “exportadora, mais aberta, com mais valor nacional acrescentado, que não se financia com dívida mas com o rendimento gerado pela mesma economia”.

“Não chegámos à quinta-essência das reformas. Ainda temos muitas para fazer no futuro: na simplificação administrativa, na criação de um ambiente mais favorável ao empreendedorismo e inovação. Mas aquilo que fizemos mostra já um contraste muito grande com o que vinha do passado”, auto-elogiou.

Por isso, acrescentou, tanto em termos europeus como mundiais, Portugal “conseguiu reposicionar-se criar um clima mais favorável para os negócios”.

“Temos um quadro macroeconómico mais saudável e estável, um nível de concorrência muito mais aprofundado, que temos boas condições para que os negócios se possam desenvolver, na relação com o Estado mas também porque podemos oferecer mais massa cinzenta, mais qualificações e mais competências”, descreveu Passos Coelho. E depois veio o recado: “Não estamos a tentar competir por baixos salários na atracção de investimento, mas de negócios de valor acrescentado”.

Desejando não estar a ser “demasiado auto-confiante”, o chefe do Governo afirmou acreditar que os investidores externos mostraram mais cedo confiança na economia portuguesa do que os investidores nacionais” e atribuiu isso à boa imagem que o país tem granjeado internacionalmente.

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