Cavaco critica os que querem esconder as "boas notícias"

Presidente reitera possibilidade de crescimento de 2% da economia portuguesa, anunciada pela OCDE.

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Cavaco Silva ENRIC VIVES RUBIO

O Presidente da República criticou esta sexta-feira o "incómodo incompreensível" daqueles que tentaram esconder as palavras do secretário-geral da OCDE ao dizer que Portugal podia crescer 2% este ano, reiterando que "intriga e polémicas político-partidárias não criam um único emprego".

No discurso da sessão comemorativa dos 50 anos da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP), o último momento da quarta jornada do Roteiro para uma Economia Dinâmica, que o Presidente da República dedicou à indústria têxtil e vestuário, Cavaco Silva defendeu que se deve "divulgar as boas notícias que têm vindo a surgir relativamente à evolução da economia portuguesa e da economia europeia".

"Se o fizermos, estamos a contribuir para que se concretize uma possibilidade - que foi referida por mim próprio e pelo secretário-geral da OCDE [Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico] na semana passada em Paris - da economia portuguesa crescer, no ano de 2015, 2%. Alguns aqui no país tentaram esconder as palavras do secretário-geral da OCDE. É uma atitude que revela algum incómodo incompreensível", criticou.

O Presidente da República reiterou que "os agentes políticos devem concentrar a maior parte da sua atenção no combate ao desemprego e à pobreza" porque é aí que reside "o verdadeiro interesse nacional", considerando que "a intriga e as polémicas político-partidárias não criam um único emprego".

"Como sabem, nos últimos dias têm vindo a ser revelados dados apresentados por instituições credíveis e independentes, dizendo que se está a assistir a uma recuperação mais acentuada do que a prevista pela economia portuguesa", frisou.

O chefe de Estado assegurou que vai continuar "a dar visibilidade aos bons exemplos" e a "difundir a evolução positiva da economia portuguesa", considerando que esta atitude é fundamental para "reforçar o clima de confiança que conduzirá a um aumento da produção das empresas e a um aumento da exportação das empresas".

 Condecorações e homenagens
No âmbito da quarta jornada do Roteiro para uma Economia Dinâmica, Cavaco Silva condecorou seis personalidades do têxtil e do vestuário com as insígnias de comendador da Ordem de Mérito Industrial que "corporizam, pelas suas histórias de vida, o espírito pioneiro e inovador" do sector.

No encerramento da sessão de homenagem ao sector e comemorativa dos 50 anos da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) o Presidente atribuiu o grau de comendador da Ordem de Mérito Industrial a seis personalidades desta indústria. "Tomei, por conseguinte, a decisão de distinguir algumas personalidades que se destacaram, por mérito próprio, e que corporizam, pelas suas histórias de vida, o espírito pioneiro e inovador da Indústria do Têxtil e Vestuário. Através delas, presto tributo a todos os industriais do sector", disse o Presidente da República, em Famalicão.

O presidente da Comissão Executiva (CEO) da Impetus, Alberto Figueiredo, a criadora da empresa Flor da Moda Confeções e da marca em nome próprio, Ana Sousa, o CEO do Grupo Valérius, José Vilas Boas Ferreira, a CEO do Grupo DiasTêxtil, Maria da Conceição Martins Dias, o administrador da Estamparia Têxtil Adalberto Pinto da Silva, Mário Jorge Machado, e o CEO da Petrotex, Sérgio Manuel da Silva Neto.

Durante o discurso, o Presidente da República afirmou que "o têxtil e vestuário é talvez o sector cuja imagem foi mais associada a um certo declínio económico dos vários setores industriais no final do século XX".

"Mas hoje há sinais de que a tormenta está a passar. Os resultados dos últimos anos, e especialmente do ano de 2014, dão-nos razões para otimismo", considerou, destacando a "visão dos empresários que acreditaram na viabilidade das suas empresas".

Cavaco Silva afirmou que, "num clima especialmente adverso, foi possível assistir a uma recuperação das margens, com importantes ganhos de produtividade, que cresceu 38% entre 2009 e 2013".

"As exportações de têxtil e vestuário tiveram em 2014 o melhor ano da última década, com um crescimento de 8%, representando 10% da exportação nacional de bens. De realçar que 80% da produção foi exportada, uma proporção sem precedentes", sublinhou.

Na opinião do chefe de Estado, o setor - que agrega cerca de sete mil empresas e emprega mais de 120 mil trabalhadores - "deu um contributo importante para fazer de 2014 um ano de viragem na evolução da economia portuguesa".

"Os sectores transformadores são o pulmão de qualquer economia saudável. São terreno fértil para a geração de novas possibilidades tecnológicas e de inovação e o principal motor das exportações. É indiscutível a sua contribuição para o crescimento e para o dinamismo da economia portuguesa", disse ainda.

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