Autarcas do Norte exigem ser ouvidos nos projectos estruturantes para a região

Na reunião do Eixo Atlântico, que juntou presidentes de câmaras de várias sensibilidades políticas, ouviram-se muitas críticas ao Governo. Contra "elefantes brancos", Rui Moreira defendeu o alargamento do porto de Leixões

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O posicionamento do Porto de Leixões é um dos temas do estudo Nelson Garrido

Os presidentes das câmaras do Porto, Braga, Bragança e Viana do Castelo estão preocupados com a indefinição do Governo relativamente aos critérios de distribuição/atribuição do processo de overbooking no Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN), cujos projectos têm de estar finalizados até ao final este ano, e exigem ser ouvidos nos investimentos que consideram ser ”infra-estruturantes para a região”.

“Há muito a fazer em termos do potencial de crescimento no Norte e, para isso, é necessário um novo modelo de concertação territorial, é necessário dar outro relevo aos agentes de desenvolvimento locais, em particular às autarquias e fazê-las participar no modelo de desenvolvimento para a região”, defendeu o social-democrata, Ricardo Rio, presidente da Câmara de Braga.

No final de uma reunião Eixo Atlântico, que decorreu nesta terça-feira no Porto, e na qual participaram autarcas que representam quatro cidades de grande dimensão do Norte do país, Ricardo Rio disse que os presidentes de câmara do Norte partilham o “mesmo conjunto de preocupações”. “Há muitos factores que são críticos para o desenvolvimento e o aproveitamento do potencial da região que não estão a ser devidamente capitalizados. Há também muitas indefinições que nos tolhem esse mesmo potencial de desenvolvimento”, afirmou, criticando as “incertezas [do Governo] em termos do processo de overbooking no QREN e também a própria definição do Portugal 2020 [próximo quadro comunitário]”. “Nessa matéria, há também vários projectos de investimento que consideramos infra-estruturantes para esta região e que não estão a ser preconizados como prioritários, ao contrário do que acontece com outras regiões do país”, adiantou o vice-presidente do Eixo Atlântico.

O presidente da Câmara do Porto e anfitrião do encontro, Rui Moreira, corroborou as críticas de Ricardo Rio relativamente ao processo de overbooking e lamentou a ausência de “pensamento estratégico” na região, razão pela qual declarou: ”Chegou o tempo dos autarcas das principais cidades terem uma palavra a dizer sobre aquilo que é o desenvolvimento futuro desta região”. E deteve-se sobre o porto de Leixões, que “está a aproximar-se do esgotamento da sua capacidade". Embalado pelas críticas, Rui Moreira denunciou as “indefinições do Governo relativamente ao desenvolvimento de um novo porto de Leixões ou do seu alargamento", e tratou de dar conta do descontento dos autarcas da região que ouvem “falar no novo porto do Barreiro, que não é mais do que uma nova Ota, um novo elefante branco".

"É fundamental que [o alargamento do porto de Leixões] seja definido como um investimento prioritário, se é que o país quer acreditar que é preciso crescer através da exportação. Se nós não formos capazes de fazer esse investimento, o que vai acontecer é que as nossas exportações vão definhar e vão definhar porque a nossa porta de saída subitamente não é adequada aos meios de transporte que estão em voga", defendeu.

Por seu lado, o presidente da Câmara de Viana do Castelo, José Maria Costa (PS), realçou a importância da modernização da ligação ferroviária entre Porto e Vigo. Já Hernâni Dias, que lidera o município de Bragança (PSD), defendeu a “construção da ligação Bragança-Puebla de Sanabria onde ficará instalada uma estação de TGV” ainda este ano.

Presente na reunião, o secretário-geral do Eixo Atlântico, Xoan Mao, destacou a importância da entrada em funcionamento este mês do TGV entre Vigo e a Corunha e disse que a distância entre estas duas cidades espanholas, que é a mesma que separa Porto de Vigo, vai encurtar para uma hora e dez minutos.

 

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