25 anos, como 24 horas, é sempre muito tempo…

A estreia portuguesa de The Clock, instalação vídeo do artista suíço-americano Christian Marclay, vai acontecer no dia 5 de Março, às 22h, no Museu Berardo, Centro Cultural de Belém, integrada no programa de celebração dos 25 anos do PÚBLICO.

Foto
Harold Lloyd em Safety Last, filme de 1923 DR

No próximo 5 de Março, Lisboa vai associar-se ao grupo restrito de cidades que, em todo o mundo – de Londres a Jerusalém, de Veneza a Los Angeles, de Bilbau a Sydney –, acolheram já a exibição de The Clock, a instalação vídeo com que o artista suíço-americano Christian Marclay (n. 1955) registou a passagem do tempo durante 24 horas.

A estreia portuguesa de The Clock vai acontecer às 22h, no Museu Berardo, Centro Cultural de Belém, integrada no programa de celebração dos 25 anos do PÚBLICO. Aos convidados interessados em acompanhar as 24 horas – ou a qualquer fracção desse tempo – da exibição-performance do filme de Marclay, aconselha-se que sintonizem os seus próprios relógios com a hora que surgir no grande ecrã. É que, a partir de uma montagem síncrona de planos e cenas retirados de filmes da história do cinema, Marclay dá a ver a passagem do tempo real: desde o Big Ben e dos relógios das praças públicas até aos mostradores de pulso de cada personagem ou figurante da grande roda da ficção das imagens em movimento. 

The Clock é um exercício de imersão na realidade do tempo real – o que quer que isso seja –, um pouco como quando vemos A Corda, de Alfred Hitchcock, Arca Russa, de Alexander Sokurov, ou até o mais recente Birdman (ou a Inesperada Virtude da Ignorância), de Alejandro Iñarritu. “Não temos de estar as 24 horas a ver o filme todo. Mas perceber que ele dura 24 horas é significativo para o entendimento da peça”, disse ao Ípsilon Pedro Lapa, director do Museu Berardo, explicando que, durante a sua permanência em Lisboa, a instalação vídeo de Marclay vai ser mostrada na sua totalidade pelo menos quatro vezes.

Estreado em Londres, na galeria White Cube, em 2010, The Clock valeria ao seu autor, no ano a seguir, o Leão de Ouro de melhor artista na Bienal de Veneza. O próprio Christian Marclay vai deslocar-se agora a Lisboa para participar na inauguração do seu trabalho no CCB – altura em que dará uma entrevista ao PÚBLICO para falar sobre… o tempo, que é, de resto, o tema da celebração dos 25 anos do nosso jornal. No mesmo dia 5 de Março, às 18h30, o CCB vai acolher uma conversa sobre o tempo com a participação do cientista João Magueijo – que será o “director por um dia” da edição do aniversário – e dos seus convidados Marina Cortês, cosmóloga, Alexandre Melo, crítico de arte, Nuno Nabais, filósofo, e Diogo Ramada Curto, historiador.

O programa das festas do PÚBLICO continua depois, noite dentro, com uma “rave erudita” que terá como DJ alguns jornalistas cá da casa. E a noite pode muito bem durar… 24 horas, ao ritmo do The Clock – durante a festa, quando perder a noção do tempo, pode sempre ir dar uma olhadela ao filme de Christian Marclay a ver as horas.

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