O ex-administrador do Novo Banco José Honório lembrou esta quinta-feira, na comissão parlamentar de inquérito ao BES, que o passivo do Grupo Espírito Santo (GES) ascendeu, em Abril de 2014, a 7600 milhões de euros, "equivalente a 4,5% do produto interno bruto (PIB) de Portugal".

Perante os deputados, o responsável referiu que em Março do ano passado recebeu pela primeira vez "na vida" um telefonema de Ricardo Salgado, e, na altura, o ex-líder do BES e José Manuel Espírito Santo Silva abordaram-no com a perspectiva de vir a presidir à comissão executiva da Rioforte, sociedade do GES. Em Abril, José Honório foi informado que a holding Espírito Santo International (ESI) teria um passivo financeiro de 4,7 mil milhões de euros, "o que, adicionado à dívida do grupo Rioforte, perfazia um total de cerca de 7,6 mil milhões de euros".

"Nessa altura, o futuro do GES estava já, em minha opinião, e como se veio a verificar, nas mãos dos seus credores e dos decisores políticos", declarou aos parlamentares. E acrescentou: "Qualquer eventual solução para a situação precária do grupo que não passasse por o deixar cair desordenadamente precisaria de ser discutida, negociada e contratualizada".

José Honório lembrou que aceitou o convite para ir para o BES com "espírito de missão" e em nome do "interesse nacional", mas a realidade foi "distinta" do imaginado. "Quer o dr. Vítor Bento, quer o senhor governador [do Banco de Portugal, Carlos Costa], colocaram-me o assunto como tratando-se de uma missão patriótica de superior interesse nacional. E a ideia que me foi transmitida foi a de que o BES era um banco sustentável, sobretudo após se ter realizado, com sucesso, um recente aumento do seu capital social no montante de cerca de mil milhões de euros",

"A realidade com que me deparei no banco foi, todavia, completamente distinta daquela que me havia sido relatada e de tudo o que poderia imaginar", assinalou perante os deputados.