Lisboa fez mais lixo em 2013 mas Algarve teve mais por habitante

Cada português produziu em média 438 quilogramas de lixo nesse ano, revela o Relatório do Estado do Ambiente 2014.

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Do total de lixo, 1,5 milhões de toneladas foram de resíduos de embalagens Rui Gaudêncio

Lisboa e Vale do Tejo foi a região que produziu mais lixo urbano em 2013, com 37% do total de 4,4 milhões de toneladas, mas foi no Algarve que se registou a maior quantidade por habitante.

Segundo o Relatório do Estado do Ambiente 2014, divulgado no site da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), a recolha selectiva de resíduos urbanos ficou nos 13% em 2013, ou seja, foi mais baixa do que no ano anterior, quando tinha atingido 14,8%.

A APA analisa o período 2010-2013 e conclui que a produção de lixo caiu de 5,2 milhões de toneladas para 4,4 milhões, igual tendência seguida pela deposição em aterro (que atinge actualmente 43% do total), com uma redução de 41%, para 1,2 milhões de toneladas.

Os resíduos cujo destino foi o aterro diminuíram 14% na comparação com 2012, mas foi ultrapassada a meta de redução dos resíduos biodegradáveis depositados perante o total produzido em 1995, já que se atingiu 53% (o limite é 50%).

Quanto ao resto do lixo urbano, 22% serviu para valorização energética, 17% foi para tratamento mecânico e biológico, 9% para valorização material, 7% para tratamento mecânico e 2% para valorização orgânica.

O total de lixo diminuiu 4% em 2013 relativamente ao ano anterior, mas quando a análise aborda a quantidade de resíduos produzida por cada habitante a descida é de 3%, para 438 quilogramas/ano, o que representa 1,2 quilogramas/dia.

O Algarve apresenta valores muito mais elevados do que a média do país, com 744 quilogramas por cada habitante, seguido do Alentejo, com 544 quilogramas. É também no Algarve que se verifica uma maior percentagem de recolha selectiva dos resíduos, com 24,3% do total recolhido.

A região Norte representa 33% do lixo produzido, ficando em segundo lugar, depois de Lisboa, seguindo-se a região centro no terceiro posto.

Do total de lixo, 1,5 milhões de toneladas foram de resíduos de embalagens, que apresentaram uma taxa de reciclagem de 65%, acima da meta de 55% fixada para 2011, salienta a APA.

Segundo os dados provisórios do relatório para as embalagens, o metal e o papel são os materiais com taxas de reciclagem mais elevadas, com 96% e 78%, respectivamente, enquanto o vidro fica nos 59%, "ligeiramente abaixo da meta estabelecida para 2011", e o plástico nos 38%.

Ozono excedeu limite em 25 dias
O mesmo relatório mostra que Portugal ultrapassou em 2013 durante 25 dias o limite máximo do poluente ozono troposférico a partir do qual é obrigatória a informação ao público, tendo o norte de Lisboa dominado este período. Os dados recolhidos nas 46 estações que monitorizam este poluente apontam para um aumento relativamente a 2012, quando tinham sido detectados 16 dias em excedência.

A aglomeração de AML (Área Metropolitana de Lisboa) Norte teve o maior número de dias a exceder o limiar de informação ao público, com 12 dias, substituindo o Interior Norte, que no ano anterior tinha registado oito dias.

A APA salienta ainda que se verificou uma subida do número de zonas onde o limiar de informação ao público foi excedido, ou seja, 12 zonas em 2013, depois das sete de 2012.

O ozono troposférico é formado por reacções químicas entre gases, como os óxidos de azoto, na presença da radiação solar, sendo um poluente típico do Verão, principalmente em situações de estabilidade da atmosfera associada a calor, e pode causar inflamação dos pulmões e brônquios, com potenciais implicações ao nível da capacidade cardiovascular e pulmonar.

Quanto às emissões de gases com efeito de estufa, sem o sector florestal, o relatório refere a estimativa de cerca de 69 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente em 2012, o que representa um crescimento de 13,1% relativamente a 1990, abaixo do limite estipulado no protocolo de Quioto (27% entre 2008 e 2012).

O dióxido de carbono foi o principal responsável, com 73,2% do total de emissões, e a energia o sector com mais emissões, atingindo 69,7%.

Em 2012, Portugal teve uma das mais baixas capitações na União Europeia, com 6,52 toneladas de dióxido de carbono por habitante, quando a média na UE foi de 8,98 toneladas.

Na contabilização das emissões de substâncias acidificantes e eutrofizantes, a APA aponta que os valores de dióxido de enxofre, óxidos de azoto e amoníaco foram, em 2012, inferiores às metas impostas pelo protocolo de Gotemburgo e pela directiva comunitária para estes poluentes, sendo a agricultura e os transportes os sectores que mais contribuíram.

Em termos de índice da qualidade do ar, em 2013, o número de dias com classificação "fraco" e "mau" desceu para 2,4% (contra 3,5% em 2012), tal como os dias com "muito bom" e "bom", que passaram de 83,5% para 82,3%. Assim, ocorreram 140 registos de dias com qualidade do ar "fraca" ou "má" e 905 com "média".

O índice de qualidade do ar, medido nas estações de rede de monitorização, traduz a qualidade do ar em Portugal, no qual são considerados poluentes como o dióxido de azoto, o ozono e as partículas inaláveis com diâmetro inferior a dez micrómetros.

 

 

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