Ex-director da Petrobras revela lista de 28 políticos brasileiros que beneficiariam de corrupção

Ex-ministro de Lula e de Dilma é um dos nomes visados.

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Evaristo SA/AFP

O ex-director do departamento de Abastecimento da Petrobras fez uma lista de 28 políticos brasileiros de primeira linha que terão recebido dinheiro do esquema de corrupção descoberto no âmbito da investigação Lava Jacto. Dela fazem parte nomes como Antonio Palocci, que foi ministro das Finanças de Lula da Silva e da Casa Civil de Dilma Rousseff, ou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral.

Palocci demitiu-se em 2011, entre acusações de corrupção. Da lista de Paulo Roberto Costa avançada pelo jornal Estado de São Paulo constam políticos que receberiam da petrolífera estatal valores acima de um milhão de reais (307.624 euros), para campanhas eleitorais. São ministros, deputados, senadores, governadores e ex-governadores, de um amplo leque político.

O presidente do Senado, Renan Calheiros, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), que já se viu outras vezes confrontado com acusações de corrupção, está incluído. O mesmo acontece ao governador reeleito do estado do Acre, Tião Viana, do Partido dos Trabalhadores (PT), e a Gleisi Hoffmann, ex-ministra da Casa Civil da Presidente Rousseff .

Eduardo Campos, o ex-governador de Pernambuco, líder do Partido Socialista Brasileiro, morto num acidente de avião em Agosto, quando era candidato à Presidência da República, integra a lista. O ex-director da Petrobras diz ter servido de intermediário no pagamento de 20 milhões de reais para um saco azul da campanha de reeleição de Campos para governador de Pernambuco, estado que dirigiu entre 2007 e Abril de 2014.

A corrupção descoberta na Petrobras era um complexo esquema de fraudes em contratos, sobrefacturação de obras e desvio de dinheiro para o financiamento ilegal de partidos, montado a partir do interior da petrolífera estatal. Para a facilitação de contractos com a petrolífera, eram solicitadas e distribuídas avultadas somas de dinheiro, que eram “lavadas” pelo “doleiro” Alberto Yousseff, o outro personagem central da trama. Esta expressão refere-se a alguém que transfere dinheiro para o estrangeiro sem o declarar, burlando o fisco.

Yousseff, que também foi detido, tal como Costa, está a colaborar com a justiça, a troco de benefícios como uma eventual redução da pena – se devolver parte do dinheiro desviado e pagar multas, diz o jornal O Globo. Além da concessão de contratos, a corrupção passava pela sobrefacturação de obras, por exemplo para a construção de refinarias.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deverá apresentar, em Fevereiro de 2015, uma denúncia ao Supremo Tribunal federal contra os parlamentares que estão a ser investigados no âmbito da operação Lava-Jato.

O Ministério Público brasileiro deduziu já acusação contra 35 indivíduos alegadamente envolvidos. A Procuradoria também acusou os directores executivos de seis das maiores empresas de construção brasileiras – da OAS, Camargo Corrêa, UTC, Mendes Júnior, Engevix e Galvão Engenharia – e outros 22 vinculados às empreiteiras, suspeitos dos crimes de corrupção, branqueamento de capitais e formação de organização criminosa.


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