Paquistão aplica as primeiras penas de morte em seis anos após atentado em escola

Ordem anunciada dias após o ataque contra escola de Peshawar que levou Governo a levantar moratória à pena capital

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O Paquistão uniu-se na revolta contra o ataque à escola militar Sara Farid/Reuters

Ao fim do dia, soube-se que foram executados os primeiros dois presos que estavam no corredor do morte do Paquistão, depois de o chefe do Estado-Maior paquistanês ter assinado a ordem de execução de seis rebeldes islamistas condenados. É o seguimento da decisão do Governo de levantar a moratória contra a pena de morte após o ataque que na terça-feira matou 132 estudantes de uma escola frequentada por filhos de militares, em Peshawar.

                Ao fim do dia, soube-se que foram executados os primeiros dois presos que estavam no corredor do morte do Paquistão, depois de o chefe do Estado-Maior paquistanês ter assinado a ordem de execução de seis rebeldes islamistas condenados. É o seguimento da decisão do Governo de levantar a moratória contra a pena de morte após o ataque que na terça-feira matou 132 estudantes de uma escola frequentada por filhos de militares, em Peshawar.

O porta-voz das Nações Unidas, para os direitos humanos, Rupert Colville, tinha apelado ao primeiro-ministro Nawaz Sharif para que não iniciasse um novo ciclo de vingança. Não há provas de que a pena de morte impeça o terrorismo. “Na verdade, pode até ser contraprodutivo”, afirmou.

O Exército paquistanês tinha-se recusado a revelar a identidade dos escolhidos para serem os primeiros condenados a executar,

alegando “riscos de segurança”.

O jornal Pakistan Express Tribune, o primeiro a noticiar a ordem do general Raheel Sharif, dizia apenas que participaram em algumas das acções mais mediáticas dos grupos armados islamistas, incluindo um ataque que em 2009 feriu seis jogadores da selecção de críquete do Sri Lanka que estavam em Lahore para uma competição.

Os dois primeiros executados, afinal, tinham sido condenados pelo ataque à sede do Exército em 2009 e pela tentativa de assassínio do ex-Presidente Pervez Musharraf.

A decisão não é passível de recurso.

O Paquistão aprovou a moratória à pena de morte em 2008, por pressão dos doadores internacionais. Mas a lei não impediu que dezenas de militantes, incluindo membros do Movimento dos Taliban do Paquistão (TTP), fossem condenados à morte. Grupos de defesa dos direitos humanos afirmam que centenas de outros desapareceram e podem ter sido executados extrajudicialmente.

A organização Justice Project Pakistan, que dá apoio legal a condenados à pena capital, calcula que haja 8000 prisioneiros no corredor da morte, 10% dos quais por crimes classificados como terroristas — são esses os visados pelo levantamento da moratória anunciada pelo Governo de Sharif na quarta-feira, dia em que prometeu que nenhum esforço será poupado para “erradicar” todos os grupos terroristas no país.

O ataque contra a escola de Peshawar, administrada pelo Exército e frequentada sobretudo por filhos de militares, uniu a conturbada classe política paquistanesa. Até aqui, estava dividida no apoio à campanha lançada em Junho pelos militares contra o Waziristão do Norte, região autónoma tribal próxima da fronteira com o Afeganistão, que se tornou no principal bastião dos taliban paquistaneses e da rede Haqqani, com ligações quer ao TTP quer à Al-Qaeda.

Ontem o Exército paquistanês anunciou a morte de dezenas de taliban na ofensiva em curso no Nordeste do país. O Exército intensificou os bombardeamentos contra alegados redutos dos taliban nas zonas junto à fronteira afegã, enquanto a polícia recebeu ordens para apertar o cerco a células terroristas nas principais cidades, incluindo Carachi, instável metrópole de 20 milhões de pessoas onde coexistem inúmeras facções radicais armadas.

Mal a ordem do general Raheel Sharif foi conhecida, as autoridades de Khyber Pakhtunkhwa, estado de que Peshawar é a capital, emitiram um “alerta vermelho” para os serviços prisionais, avisando-os da possibilidade de os taliban atacarem as cadeias para libertar os seus militantes.     

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