Grupos jihadistas mataram mais de cinco mil pessoas em Novembro

Estudo da BBC e King’s College de Londres analisou 664 ataques de 16 grupos. Iraque é o mais afectado pelos ataques, seguido da Nigéria.

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Combatente do grupo Estado Islâmico em Raqqa, Síria - o grupo levou a cabo 308 ataques registados em Novembro
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Combatente do grupo Estado Islâmico em Raqqa, Síria –o grupo levou a cabo 308 ataques registados em Novembro Reuters

Grupos jihadistas mataram mais de cinco mil pessoas no mês passado, recorrendo na esmagadora maioria dos casos a atentados suicidas, com o Iraque a ser o maior palco de violência, seguido da Nigéria.

A emissora britânica BBC e o King’s College de Londres analisaram 664 ataques com 5042 vítimas registadas. A média é de 168 mortes por dia.

Os países mais afectados pelos ataques dos extremistas são o Iraque, seguido da Nigéria, Afeganistão e Síria. Seguem-se, empatados, o Iémen e a Somália.

Bombistas suicidas foram responsáveis por 650 dos ataques e, “dado o contexto e a localização, a vasta maioria das vítimas dos jihadistas são muçulmanas”, diz ainda o estudo. 

Peter Neumann, do King’s College, autor do livro The New Jihadism: A Global Snapshot, comenta a escala da violência jihadista em declarações ao jornal britânico Guardian: “É como se tivesse havido um ataque de 7 de Julho [que matou 52 pessoas em Londres em 2005] a cada dia, três vezes por dia, durante um mês inteiro”.

Quase metade dos ataques (44%) são atribuídos ao grupo que se autoproclama Estado Islâmico (EI), que opera especialmente no Iraque e Síria onde conquistou território e cidades importantes como Mossul, a segunda cidade iraquiana. Trezentos e oito ataques deste grupo causaram 2206 mortes. O Boko Haram, da Nigéria, responsável pelo rapto de 200 alunas de uma escola no nordeste do país em Abril, foi o segundo grupo mais mortífero, com 30 ataques que provocaram 801 mortes.

EI e Boko Haram (que significa “a educação ocidental é proibida”) foram responsáveis por 60% das mortes, o que sugere, notam os investigadores, que as formações jihadistas se estão a transmutar de grupos a operar na sombra “em forças mais convencionais que lutam para ganhar ou manter território contra exércitos de Estados”.

Taliban responsáveis por ataques no Afeganistão e Paquistão
Já os taliban no Afeganistão e Paquistão levaram a cabo 151 ataques que mataram 720 pessoas. No Iémen, a Al-Qaeda na Península Arábica levou a cabo 35 ataques e matou 410 pessoas, e na Somália e Quénia o grupo Al-Sabaab perpretou 41 atentados, vitimando 266 pessoas.

A Frente al-Nusra, que se diz ligada à Al-Qaeda e luta contra o regime de Bashar al-Assad na Síria, está por detrás de 35 ataques e matou 257 pessoas. A maioria dos ataques foram reivindicados ou a sua autoria atribuída a um de 16 grupos em 14 países.

Quanto às vítimas, 2079 eram civis e 1952 militares, polícias ou responsáveis oficiais. Entre as mortes registam-se ainda as de 935 jihadistas; sobre 76 das vítimas não havia informação.

“É espantoso, dado que há três anos toda a gente dizia que a Al-Qaeda estava morta”, diz Neumann. “Agora temos um movimento jihadista no mundo em sítios onde nunca suspeitámos que ia aparecer.”

Para fazer este estudo, os investigadores partiram de uma definição de jihadismo em que é defendido o uso da violência para promover uma visão muito particular e estrita do islão sunita, mas admitiam que em muitos locais como a Líbia e a Síria a situação muda muito rapidamente e novos grupos aparecem, outros antigos mudam, ou fundem-se. Também reconhecem os desafios deste estudo: a atribuição dos ataques nem sempre é clara, especialmente no caso de guerras civis como na Síria, os relatos podem ser demorados ou parciais, e outros incidentes podem nem chegar a ser relatados, mas insistiam que as regras de contagem (feita separadamente pela equipa da BBC e do King’s College) e categorização eram guiadas por princípios de “transparência, clareza e rigor”.

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