Cartas à Directora 22/11

A falta de vergonha de José Lello e de Couto dos Santos

Os deputados José Lello (PS) e Couto dos Santos (PSD) apresentaram um proposta de alteração ao Orçamento de Estado de 2015 para que os ex-titulares de cargos políticos voltem a receber as subvenções vitalícias que foram suspensas em 2014, proposta essa que os devia envergonhar. O que deveria estar em causa não era a possibilidade de os ex-titulares de cargos políticos voltarem a receber a subvenção vitalícia mas sim, a existência de vontade política para eliminar de vez a respectiva subvenção. Esses senhores recebem a respectiva reforma, não recebem? Então porque razão hão-de ter uma remuneração extra a título vitalício? Sinceramente não percebo. Os dois deputados referidos, em especial José Lello, deveriam estar preocupados com a injustiça social que actualmente existe na sociedade portuguesa e não com os ex-titulares de cargos políticos, a quem, de uma forma genérica, nada falta. Pessoalmente já devia estar habituado às surpresas de José Lello mas, mais uma vez, fui apanhado de surpresa com a sua total falta de vergonha.
Manuel Morato Gomes, Senhora da Hora 

Sem abrigo, sem nada

O jornal Record publicou uma reportagem (14/11 do pp), pelo punho de André Ferreira, revelando que o Club Sintra Football (CSF) vai semanalmente ao encontro dos sem abrigo distribuir comida, conforto e carinho. É já uma vitória do CSF, esmagadora! É comovente a descrição dum casal migrado para Lisboa, “a cidade das oportunidades”, na expectativa de angariarem trabalho. Não conseguiram e ficaram sem o pouco dinheiro trazido, abrigando-se na Gare do Oriente. Ela já com um filho em gestação... O Presidente do CSF, Dinis Delgado, depois de escutá-los, decidiu – em boa hora – levá-los para a sede do clube.
Esta solidariedade fraterna concedeu-lhes tecto, condições e ocupação ficando a trabalhar para aquela agremiação desportiva. Integrado numa IPSS fui bastas vezes ao encontro dos sem-casa. Tinham fomes: de pão; de atenção; de quem os ajudasse a acender a luz da reconstrução das suas vidas. Tinham muita fome de sanidade mental...
O Orçamento de Estado de 2015 tira €243 milhões ao subsídio de desemprego e apoio ao emprego, dificulta ainda mais a obtenção dos apoios sociais e será reduzida a duração das prestações sociais...
A indigência, os sem abrigo e sem amor multiplicar-se-ão, em consequência. Gestos iluminados e altruístas como o do CSF não abundarão. Assim vai Portugal, resta-nos que esperança?...
Vitor Colaço Santos, S. João das Lampas

Conservatório de Música de Lisboa                                                                                                                  

Assisti no dia 19/11 no Jornal da TVI a uma reportagem sobre o Conservatório de Música de Lisboa. Numa sala imunda e tão frágil que me trouxe à ideia os acampamentos Romani nos viadutos da cidade, preenchida por baldes de plástico para conter as águas que caiam abundantemente do tecto, dois alunos de saxofone, tentavam aprender a serem bons músicos. A professora encostada à porta, defendia-se da intempérie enquanto tentava ser boa professora.
Senti uma grande revolta, uma furacão imenso de raiva e vergonha.
O que andará a fazer o secretário da cultura, Barreto Xavier, que em tempos tanto gostava do Bairro Alto?
Luis Robalo, Lisboa

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