Raphael Guerreiro foi o “galáctico” que brilhou

O jovem defesa-esquerdo do Lorient marcou o único golo do jogo e salvou este Argentina-Portugal da monotonia total. Cristiano Ronaldo e Lionel Messi só jogaram 45 minutos.

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Cristiano Ronaldo jogou 45 minutos contra a Argentina PAUL ELLIS/AFP

Estava descrito como o jogo das “estrelas”, o duelo dos “galácticos”, mas não foram nem Cristiano Ronaldo, nem Lionel Messi a decidirem o Argentina-Portugal de ontem, em Old Trafford. Foi Raphael Guerreiro, jovem defesa-esquerdo do Lorient, a marcar o golo que deu o triunfo à selecção portuguesa por 1-0, já em tempo de compensação. A segunda vitória de sempre de Portugal sobre a formação sul-americana foi mesmo o melhor — isso e os cachets de 1,2 milhões de euros para cada uma das equipas — de um jogo que pouco teve de espectacular e em que o tão aguardado duelo entre Messi e Ronaldo só durou até ao intervalo.

Old Trafford é um estádio de boas memórias para a selecção portuguesa. O recinto do Manchester United recebeu dois jogos dos “Magriços” durante o Mundial de 1966 que deram duas vitórias. Nesta terça-feira, havia a oportunidade para ganhar uma boa memória, mesmo sem qualquer interesse competitivo. Sempre dá prestígio ganhar a uma selecção com o estatuto da Argentina. E, claro, seria um bom palco para ver Messi e Ronaldo, que não fosse o Camp Nou ou o Santiago Bernabéu. Pelo menos era com isso que contavam os organizadores, um cartaz que garantisse casa cheia em qualquer lado do mundo.

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Em teoria, um duelo entre os dois melhores jogadores da actualidade daria para encher Old Trafford, mas a organização esqueceu-se que ao mesmo tempo, no Celtic Park, de Glasgow, havia um Escócia-Inglaterra, a mais antiga rivalidade do futebol mundial, e o estádio dos red devils nem sequer abriu o seu segundo anel. Foram cerca de 40 mil espectadores que esperavam que o jogo fizesse justiça ao nome das selecções envolvidas. Só que o que tiveram como recompensa pelo tempo e dinheiro investidos andou longe disso.

Como havia garantido no dia anterior, Fernando Santos mudou em relação ao jogo com a Arménia e voltou ao seu plano táctico habitual, com Ronaldo, Nani e Danny no ataque, fazendo entrar André Gomes no meio-campo e promovendo a estreia de Tiago Gomes no lado esquerdo da defesa, para além de ter colocado Beto na baliza em vez de Rui Patrício. “Tata” Martino também não fugiu ao que prometera, mantendo Messi no lado direito do ataque, completando o trio com Higuaín e Di María.

Na primeira parte houve mais Messi que Ronaldo e mais Argentina que Portugal. Logo aos 5’, após uma perda de bola de André Gomes, Messi faz o passe e Di María rematou ao lado. Aos 27’ a Argentina voltou a estar perto de marcar, de novo com Messi na jogada. Pastore cabeceou bem, mas Beto estava no sítio certo. Portugal só conseguiu atacar com perigo nesta fase, através de uma boa subida de Bosingwa pelo flanco. A bola foi para a área, Ronaldo apanhou-a, fez várias fintas e rematou por cima.

Foi do melhor que aconteceu na primeira parte. Para a segunda, os nomes grandes do cartaz não apareceram. Ronaldo e Messi passaram a ser eles próprios espectadores. Durante o segundo tempo, nota para a existência de mais dois internacionais portugueses no mundo, José Fonte, o veterano central que tem sido feliz na Premier League, e Adrien Silva, que ainda jogou pouco mais de 20’ após tantas convocatórias sem ser utilizado. Na selecção argentina tiveram ainda direito a minutos o benfiquista Gaitán e o sportinguista Jonathan Silva.

Aceleremos rapidamente até ao minuto 89, que foi quando tudo aconteceu. Messi voltou ao campo, ou melhor, um adepto argentino com a camisola dez pisou o relvado de Old Trafford. Não avançou muito, deixou-se apanhar com facilidade e os seguranças nem precisaram de fazer uma placagem. Convencido de que não ia haver golos, o público animou-se e aplaudiu. Com “Messi” fora de campo, a selecção portuguesa teve um último ataque. A bola foi ter a Quaresma, o cruzamento foi perfeito e encontrou o jovem Raphael Guerreiro, que só teve de cabecear para o fundo da baliza argentina. Não foi Messi, nem Ronaldo a decidirem. Foi o jovem luso-descendente do Lorient, garantidamente um estranho para quase toda a gente que estava ali para ver os “galácticos”.

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