PT ainda controla 40% do mercado português

Operadora já foi monopolista, mas hoje vive num braço-de-ferro com a NOS.

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Até há pouco tempo, a estratégia da PT era ter o Brasil, Portugal e África como o seu “tripé estratégico” AFP PHOTO/PATRICIA DE MELO MOREIRA

Se comprar a PT Portugal, a Altice passará de actor secundário a líder de mercado. O negócio é, por isso, muito apetecível. A empresa na mira do grupo francês detém 40% do mercado nacional de telecomunicações, além de activos que encaixam como uma luva nas pretensões do potencial comprador.

O que está em causa neste negócio são os braços da PT em território nacional, com destaque para o Meo, a marca que hoje serve de chapéu às ofertas da empresa na área do móvel, televisão paga, serviço fixo e Internet. Apesar do ligeiro recuo no número de subscrições de clientes, reflexo da contracção do mercado interno que tem afectado transversalmente o sector, a insígnia, que tem estado muito focada na convergência de produtos, continua a liderar, embora com a agora mais robusta concorrência da Nos, que resultou da fusão entre a Zon (que nasceu da divisão de activos após a OPA da Sonaecom) e a Optimus.

Os dados divulgados pela Oi, relativos ao primeiro semestre deste ano, mostram que, no segmento residencial, a PT Portugal conta com quase 3,9 milhões de subscrições, entre fixo (1,6), televisão paga (1,2) e banda larga fixa (1,1). Já no móvel, a empresa registou quase 6,2 milhões de unidades geradoras de receitas naquele período, tendo verificado um incremento no regime pós-pago. E, no segmento corporativo, os dados apontam para 2,6 milhões de subscrições, com destaque para o móvel (responsável por cerca de 1,5 milhões).

Um mês depois de tomar posse, o presidente executivo da PT Portugal veio garantir que iria apresentar um plano estratégico para a empresa dentro de 100 dias, tendo destacado como áreas prioritárias “o cliente, a parte financeira e a cultura da empresa”. Citado pela Lusa, Armando Almeida disse ainda que “a PT, para ser uma empresa forte, necessita de continuar a investir em Portugal e o país necessita da PT, porque esta é líder não só nas telecomunicações, mas em muitas outras áreas”.

A Nos veio trazer um dinamismo que o mercado nacional não tinha há muitos anos, já que estava votado a uma PT incumbente. Quando os rumores sobre a compra da empresa já estavam ao rubro, o presidente executivo da empresa que resultou da fusão da Zon com a Optimus veio dizer que a PT ainda é uma “concorrente feroz”, afirmando que “há uma confusão entre a evolução da estrutura accionista da PT e a empresa”.

Enquanto se aguarda a posição da Oi no que respeita à PT Portugal, sabe-se desde já que o grupo brasileiro quer sair do mercado angolano e vender o capital que detém na Unitel, controlada por Isabel dos Santos (dona da Nos, a par da Sonae). Se vender estas duas empresas, é o retalhar do projecto lusófono. 

Em Setembro, a Oi anunciou que ia começar o processo de venda de 75% da Africatel, onde estão concentradas as participações em empresas de telecomunicações africanas, como os 25% da angolana Unitel, que é o activo mais valioso da holding até aqui controlada pela PT. Na altura, foi comunicado que o fundo Helios (que detém os restantes 25% da Africatel) quer exercer uma opção de venda da sua posição, considerando que o facto de a PT ter transferido para a Oi a posição na Africatel lhe dá margem de manobra, à luz do acordo accionista, para exercer essa opção, algo que a Oi contesta. 

Até há pouco tempo, a estratégia da PT era ter o Brasil, Portugal e África como o “tripé estratégico”. Actualmente, a PT (com a Oi) está em apenas quatro mercados africanos e, em alguns deles, concorre com Isabel dos Santos, como é o caso de Cabo Verde. Antes da fusão com a Oi, a PT saíra da Guiné-Bissau, alienou a posição que detinha na marroquina Méditelecom e perdeu a corrida, em 2010, para ficar com a terceira licença de operador móvel em Moçambique.

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