Prestação da casa volta a cair nos empréstimos a rever em Novembro
Depois de uma queda para valores próximos do zero, taxas Euribor dão primeiros sinais de inversão de ciclo.
O saldo continua favorável às famílias. A média das taxas Euribor em Outubro voltou a descer, o que significa novas reduções das prestações da casa nos empréstimos a rever em Novembro. Renovando novos mínimos históricos, as taxas Euribor a três e mesmo a seis meses aproximam-se do zero, arrastando as prestações dos contratos à habitação para os níveis mais baixos de sempre. O efeito é, no entanto, maior nos empréstimos mais antigos, com spreads (margem comercial dos bancos) mais baixos.
Apesar da boa notícia que a queda das taxas Euribor tem representado para empresas e famílias com empréstimos, a evolução registada na segunda metade do mês pode indiciar uma inversão de ciclo. Mesmo que a evolução de Novembro venha a confirmar a tendência de subida, ela será sempre ligeira, pelos mesmos nos próximos meses.
A média da Euribor a três meses, o prazo mais utilizado nos créditos recentes, fixou-se em Outubro em 0,083%, contra 0,097% de Setembro. Um contrato de 150 mil euros, a 30 anos, com um spread de 0,7%, vai passar a pagar uma prestação de 467,66 euros. Este valor corresponde a menos 7,75 euros face à última revisão de taxa, ocorrida em Agosto passado.
A Euribor a seis meses, o prazo mais utilizado no conjunto dos empréstimos à habitação em Portugal, fixou-se em 0,184%, abaixo dos 0,2% de Setembro. A simulação, realizada pelo PÚBLICO, permite concluir que o mesmo empréstimo, com esta taxa, passará a pagar 474,51 euros. Face à última revisão, que ocorreu em Maio, a prestação desce 16,96 euros.
A Euribor a 12 meses, um prazo muito pouco utilizado em Portugal nos empréstimos à habitação, também continuou em rota descendente, fixando-se em 0,338% em Outubro, contra 0,362% do mês anterior.
A descida das taxas Euribor, fixadas no mercado interbancário a partir dos valores a que os bancos estão disponíveis para emprestar dinheiro entre si, tem sido influenciada pelas decisões de política monetária do Banco Central Europeu (BCE).
Entre as medidas recentes do BCE está o corte da taxa directora para 0,05%, mínimo histórico, e a decisão de compra de obrigações hipotecárias, com vista a injectar mais dinheiro na economia e a afastar o risco de deflação.
A estimativa rápida do Eurostat, divulgada esta sexta-feira, revela que a taxa de inflação na zona euro situou-se nos 0,4% em Outubro, acima dos 0,3% de Setembro.
De acordo com os dados divulgados pelo Eurostat, um dos maiores contributos para a subida da inflação veio dos serviços, que deverão ter atingindo uma inflação de 1,2%, valor acima de 1,1% registado do mês anterior. Em seguida surge o segmento dos alimentos, álcool e tabaco, com uma taxa de 0,5%, contra 0,3% do mês anterior. Os bens industriais não energéticos e a energia registaram uma taxa negativa de 0,1% e de 1,8%, respectivamente.
Apesar de ligeira, ou ainda muito longe da meta desejável dos 2%, a evolução da inflação retira pressão ao BCE, que já iniciou a compra de dívida hipotecária detida pelos bancos. Os dados da última semana apontam para a compra de 1700 milhões de euros em obrigações hipotecárias, essencialmente de bancos dos países do Sul da Europa e da Alemanha, um montante que ficou acima das expectativas dos analistas.