Morreu Jack Bruce, o baixista dos Cream

Ao lado de Eric Clapton e Ginger Baker, reposicionou o rock britânico da década de 60. Sofria há anos da doença hepática que acabou por vitimá-lo.

Foto
Jack Bruce foi "talvez o mais talentoso de todos os baixistas", disse Roger Waters, dos Pink Floyd BRENDAN MCDERMID/REUTERS

Jack Bruce (1943-2014), que entre 1966 e 1968 formou com Eric Clapton e Ginger Baker o primeiro supergrupo da história do rock, os Cream, morreu neste sábado na sua casa de Suffolk vítima da doença hepática de que sofria há anos. "É com grande tristeza que anunciamos a morte do nosso amado Jack: marido, pai, avó e lenda global. O mundo da música vai ser um lugar mais pobre sem ele, mas ele perdurará na sua música e nos nossos corações", comunicou a família.

Além de baixista ("talvez o mais talentoso de todos os baixistas", como chegou a dizer Roger Waters, dos Pink Floyd), Jack Bruce era também a voz mais carismática dos Cream e o compositor principal da banda que reposicionou o rock britânico, tornando-o especialmente permeável aos blues. Mas mesmo para lá dos Cream foi um nome central dos blues em Inglaterra, como ontem sublinhava o jornal The Guardian, recordando a sua passagem por referências maiores do género como Manfred Mann, Alexis Korner’s Blues Inc, Graham Bond Organisation e John Mayall & The Bluesbreakers. 

Depois da separação dos Cream (e até à sua fugaz reunião em 2005 para uma curta série de concertos), trabalhou sobretudo a solo ou em pequenas formações. Os seus constantes atritos com o baterista Ginger Baker, manifestados já antes, quando ambos integravam a Graham Bond Organisation, acabariam por tornar inviável a sobrevivência do trio liderado por Eric Clapton, que se desintegraria não sem antes deixar quatro álbuns históricos para a posteridade: Fresh Cream (1966), Disraeli Gears (1967), Wheels of Fire (1968) e Goodbye (1969).

A vida de Bruce foi, de resto, marcada por sucessivas atribulações de saúde e por problemas financeiros. No final da década de 70 viu-se forçado a trabalhar como músico de estúdio para custear a sua dependência das drogas; em 2003, recebeu um transplante hepático depois de um diagnóstico de cancro, ao qual acabaria por sobreviver – continuando a trabalhar. O seu último álbum, Silver Rails, saiu em Março este ano. Na altura, disse à revista Rolling Stone que continuava a "apreciar a vida": "Estou felicíssimo por ter feito este disco. Pus o meu coração e a minha alma nele e estou muito satisfeito com o resultado."

Sugerir correcção
Comentar