Ello, a rede social livre de anúncios, angariou 5,5 milhões de dólares

Política de "não" à publicidade e à venda dos dados do utilizador foi recebida com entusiasmo pelas empresas norte-americanas.

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Ello

Numa semana, o Ello passou de 90 utilizadores para centenas de milhares. Actualmente mais de um milhão de pessoas têm um perfil na rede social e três milhões estão em lista de espera (só se pode aceder por convite). Com o acesso totalmente vedado à publicidade, o Ello foi inundada de perguntas sobre como se sustentaria sem anúncios. O presidente executivo respondeu agora com o anúncio de um financiamento de 5,5 milhões de dólares.

“Como pode imaginar, tive praticamente todas as empresas VC [venture capital] do país na minha caixa de entrada de email a tentarem investir no Ello”, contou Paul Budnitz ao site re/code, depois de anunciar que a empresa recebeu o investimento que precisava para desenvolver a rede social, nomeadamente equipamento que suporte as milhares de tentativas de acesso.

Segundo Budnitz, a empresa passou por algumas situações complicadas quando há quase dois meses os seus servidores não conseguiram responder aos cerca de 50 mil pedidos de acesso por hora que aconteciam a um ritmo quase diário. Ao re/code, confessa que tiveram que congelar novas entradas.

O investimento de 5,5 milhões de dólares teve como principais financiadores a Foundry Group, uma empresa do Colorado que investe em produtos tecnológicos ainda numa fase inicial, a Bullet Time Ventures e a FreshTracks Capital, ambas empresas de venture capital. A estas juntaram-se investidores institucionais e a título individual.

Na página de acesso ao Ello continua em destaque um manifesto da equipa onde é sublinhado aquela que é a espinha dorsal do projecto. “O Ello não vende anúncios. Nem vende dados sobre ti a terceiros.” Esta política levou a empresa a converter-se numa corporação de utilidade pública. "Isso significa, basicamente, que nenhum investidor nos pode forçar a aceitar um bom negócio financeiro se nos obrigar a ter publicidade", explicou o responsável ao New York Times.

Obter lucros não deixa, no entanto, de estar nos planos do presidente executivo do Ello, mas a forma como a empresa tenta financiar-se pode vir a limitar o seu crescimento. A esta hipótese de auto-boicote, Budnitz responde ao jornal com os modelos adoptados por outras corporações de utilidade pública, como a criadora de gelados Ben & Jerry’s.

A rede social espera fazer dinheiro com o fornecimento ocasional de serviços especiais, como alterações ou criação de widgets, a que o utilizador poderá ter acesso a troco de uma pequena quantia.

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