PT bateu mínimos históricos e vale menos de mil milhões de euros

CMVM decidiu proibir as vendas a descoberto (short-selling) na sessão desta terça-feira.

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As acções da Portugal Telecom (PT) fecharam esta segunda-feira a perder 10,05% para 1,09 euros, depois de, logo pela manhã, terem estado a derrapar mais de 28%, para um mínimo histórico de 0,87 euros, o que colocou a capitalização bolsista abaixo dos mil milhões de euros.

Foi apenas a partir do final da manhã que os títulos da operadora de telecomunicações começaram a recuperar do tombo anterior, mas sem conseguirem nunca entrar em terreno positivo. O principal índice da bolsa de Lisboa, o PSI 20, chegou a estar a perder quase 1,5%. mas acabou por fechar com um recuo de 0,17%, beneficiando dos ganhos da banca.

A forte queda da Portugal Telecom foi muito influenciada pela decisão do Tribunal de Comércio do Luxemburgo, que não aceitou a gestão controlada (gestion contrôlée) da Rioforte Investments S.A, onde a operadora de telecomunicações tem um crédito de aproximadamente 900 milhões de euros.

Com a decisão do tribunal, a Rioforte segue para liquidação, o que deverá tornar mais difícil a recuperação do crédito. Se não recuperar o crédito, a PT fica com a sua participação na fusão com a brasileira Oi reduzida a 25%.
Se conseguisse recuperar o dinheiro emprestado à Rioforte, a participação na Oi subiria para 37%.

Com a queda verificada esta segunda-feira, a capitalização da PT caiu para 977 milhões de euros, que na prática corresponde aos 25% que detém na Oi. Ou seja, os investidores incorporam que a empresa nada recuperará da Rioforte, quando, até há poucos dias, admitiam recuperar pelo menos 30% do valor em causa.

Na passada sexta-feira, as acções da PT já tinham perdido 9%, num dia em que, incorporando já a informação relativa à Rioforte, a Morgan Stanley, um dos assessores da Altice no processo que pode resultar na compra da PT Portugal, reiniciou a cobertura da telecom nacional com um preço-alvo inferior em 38% à actual cotação. anunciara que passaria a acompanhar a empresa portuguesa, com um preço-alvo de 0,79 cêntimos, quase 40% abaixo do valor a que cotava na recta final da semana.

A nota de research da Morgan Stanley, que é um dos assessores da Altice, um dos interessados na compra dos activos da PT, já integrados na OI, e numa altura em que nenhuma casa de investimento está a acompanhar a empresa levanta dúvidas no mercado.

A lei não proíbe esta situação, desde que o conflito de interesses seja assumido no relatório de avaliação, como será o caso, mas a coincidências não deixam de causar alguma estranheza no mercado, numa altura em que a empresa tem sido alvo de vendas a descoberto, o chamado short selling - que a CMVM decidiu proibir na sessão desta terça-feira. Trata-se de uma operação de venda de acções não se têm ou se pediram emprestadas, com a expectativa de as recomprar a um preço mais baixo.

A venda em força de acções da PT foi visível nas primeiras horas da sessão, quando as acções caíram 28%. O forte volume, acima de 55 milhões de títulos também pode ter sido influenciado pelos mecanismos de stop loss, que determina a venda automática de títulos quando são atingidos determinados limites de perdas. De referir que as acções da PT estiveram boa parte da sessão abaixo do valor de 1 euro.

Em comunicado enviado na semana passada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), a OI informa que o Banco BTG Pactual “foi contactado por diversos interessados (dentre os quais a Altice) em obter informações seleccionadas sobre os negócios da PT Portugal SGPS, principalmente sobre as suas operações em Portugal para que pudessem eventualmente formular propostas visando a aquisição de tais operações ou de parte de seus activos não estratégicos”.

No mesmo comunicado, a Oi refere que o Banco BTG Pactual S.A é “assessor financeiro contratado como comissário para desenvolver alternativas viáveis de estruturas e de funding para propiciar uma participação da companhia como protagonista na consolidação do sector de telecomunicações no Brasil”.

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