Combustíveis em mínimos de 2011 e há margem para ainda descer mais

Gasolina baixa sete cêntimos e gasóleo três cêntimos na Galp. Novo Orçamento do Estado deverá anular o efeito da descida de preços que, para já, se está a verificar nos mercados.

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A descida de preços é o resultado da baixa acentuada que se tem vindo a registar nas últimas semanas no mercado internacional de petróleo AFP/NICOLAS ASFOURI

Os combustíveis descem a partir desta segunda-feira para os níveis mais baixos de quase quatro anos. A Galp começou já a praticar um corte de sete cêntimos na gasolina e três cêntimos no gasóleo. Prevê-se que outros revendedores façam o mesmo entre hoje e manhã.

Neste domingo, os preços médios dos cerca de dois mil postos monitorizados pela Direcção-Geral de Energia e Geologia colocavam a gasolina sem chumbo 95 nos 1,515 euros por litro de combustível e o gasóleo nos 1,271 euros/litro. Entre hoje e amanhã, estes valores deverão registar baixas significativas.

Desde o início do ano, segundo as informações disponibilizadas pela Galp, registou-se nos combustíveis vendidos pela petrolífera nacional uma descida de 13 cêntimos por litro no gasóleo e de 10 cêntimos na gasolina sem chumbo 95.

Do lado da BP não são ainda revelados valores concretos. Ainda assim, a empresa afirma que ia nesta segunda-feira "reflectir a descida dos preços dos combustíveis na sua rede de postos". A petrolífera explica que a aplicação dos novos preços é da inteira responsabilidade da sua rede de revendedores, razão pela qual o processo de revisão apenas "estará concluído nos próximos dias".

Do lado da Cepsa e Repsol não houve resposta às perguntas do PÚBLICO, mas a  Associação Nacional de Revendedores de Combustíveis (Anarec) espera cortes da mesma ordem de grandeza por parte das restantes petrolíferas.

Numa ronda por algumas bombas de abastecimento da Repsol, Galp e BP em Lisboa, o PÚBLICO verificou que se realizaram descidas à meia-noite, que variaram conforme a marca e o local. Por exemplo, na BP de Belém o gasóleo e a gasolina sem chumbo 95 ficaram dois cêntimos mais baratos. Já na Galp de Pedrouços, o preço do gasóleo desceu três cêntimos e o da gasolina sem chumbo 98 recuou nove cêntimos.

As variações de preço dependem igualmente da região do país. No site da Direcção-Geral de Energia e Geologia é possível encontrar as bombas com os valores mais baixos em cada concelho de Portugal continental.

A descida de preços praticados nas bombas de gasolina é o resultado da baixa acentuada que se tem vindo a registar nas últimas semanas no mercado internacional de petróleo, a matéria-prima que define a maior parte do preço do produto refinado que chega ao consumidor.

E as descidas podem não ficar por aqui. Em declarações ao PÚBLICO, o vice-presidente da Anarec, José Reis admite que, tendo em conta tendência de queda das cotações do petróleo, os preços dos combustíveis ainda têm margem para “descer um pouco mais”. O responsável salvaguarda no entanto, que só as companhias petrolíferas têm dados para determinar a evolução dos preços dos combustíveis.

O barril de petróleo Brent atingiu na passada quinta-feira um mínimo anual de 82,6 dólares, um valor que é 22% mais baixo do que o registado no início deste ano. Na sexta-feira passada e na manhã desta segunda-feira, registou-se uma recuperação dos preços, com os mercados a corrigirem uma pequena parte da descida registada nas semanas anteriores.

A queda dos preços do crude deve-se à expectativa nos mercados de um desencontro cada vez maior entre a evolução da procura e da oferta deste produto. Por um lado, a oferta, especialmente nos Estados Unidos, tem vindo a aumentar de forma muito acentuada, depois de este país ter investido fortemente na produção de petróleo com o objectivo de se tornar menos dependente face ao exterior. Por outro lado, a expectativa de um abrandamento da economia mundial, nomeadamente em países como a China, faz com que se espere agora um ritmo de crescimento da procura internacional de combustíveis bastante mais moderado.

Esta descida de preços na matéria-prima acaba — embora muitas vezes a um ritmo diferenciado — por repercutir-se no valor que é pedido ao consumidor de gasolina e gasóleo em Portugal. Há, no entanto, outros factores a influenciar os preços: a eficiência da refinação e das empresas distribuidoras de combustíveis, o nível de concorrência que se regista em Portugal, a taxa de câmbio euro-dólar e o nível dos impostos aplicados.

Ao nível da carga fiscal, os portugueses que consomem combustível têm já reservadas para o início do próximo ano algumas más notícias. O Governo anunciou na proposta de Orçamento do Estado para 2015 um aumento da contribuição sobre o sector rodoviário e incluiu na reforma da fiscalidade verde a introdução de uma taxa adicional de carbono. As duas medidas podem ter em conjunto um impacto no preço dos combustíveis próximo dos oito cêntimos por litro, anulando o efeito da descida de preços que, para já, se está a verificar nos mercados. com H.D.S.

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