Novo circuito pedonal dá a conhecer a Cerca Velha de Lisboa

O objectivo da câmara, que instalou 16 totens com informação ao longo do trajecto, é "resgatar a memória histórica e arqueológica da cidade".

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Este circuito não tem mais do que 1500 metros e pode ser percorrido em cerca de 50 minutos Miguel Madeira
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O percurso não tem mais do que 1500 metros e pode ser facilmente percorrido em apenas 50 minutos, mas ir da Rua do Chão da Feira à Rua do Milagre de Santo António significa realizar uma viagem pela história milenar de Lisboa. Ao longo deste trajecto há agora 16 totens, que dão a conhecer a Cerca Velha, o sistema defensivo medieval que perdurou até à construção da muralha fernandina no século XIV.

Este novo circuito pedonal foi inaugurado pela Câmara de Lisboa esta sexta-feira, por ocasião das Jornadas Europeias do Património. A ideia é que lisboetas e turistas possam percorrê-lo sozinhos, com a ajuda de um mapa que vai estar disponível nalguns pontos turísticos da cidade, ou então integrados numa das visitas guiadas que o município promete realizar.

Ao todo, há 16 pontos de paragem sugeridos, e em cada um deles há um pedaço da história da Cerca Velha para conhecer (alguns deles visíveis, outros não), através da informação constante nos marcos colocados nos passeios e nas placas afixadas nos edifícios. Aquilo que se sugere é que a visita comece na Rua do Chão da Feira, junto ao Castelo de São Jorge, onde a cerca classificada como monumento nacional se ligava à Muralha da Alcáçova.

Segundo a autarquia, que através do Museu da Cidade realizou nos últimos anos um projecto de estudo e valorização da Cerca Velha, este monumento estendia-se depois por cerca de 1250 metros, ao longo dos quais tinha seis portas e mais de duas dezenas de torres. É no segundo ponto de paragem, no Pátio D. Fradique, que se encontra o mais extenso troço visível da muralha.

Mais à frente, no Largo das Portas do Sol, destaca-se o antigo Palácio Azurara, em cuja fachada é visível uma torre da Cerca Velha. Já na Rua Norberto de Araújo ergue-se, apoiada na escarpa rochosa, aquele que é o único troço visível da cerca da época islâmica.

Antes de se passar pela Torre de São Pedro, que chegou a ser usada como prisão, por um postigo com o mesmo nome e por um conjunto de portas abertas na muralha em diferentes períodos, há outro ponto que merece uma paragem: A Porta de Alfama.

Aí, como explica o director do departamento de Património Cultural da câmara, Jorge Ramos Carvalho, foram feitas escavações que revelaram a existência de uma lixeira do período romano. Alguns dos vestígios encontrados, como ossos de vários animais, vegetação, cerâmicas, materiais de construção e ostras, podem hoje ser vistos no interior de um restaurante que abriu as portas no local e no qual foram integrados troços da muralha.

O recém-inaugurado Núcleo Arqueológico da Casa dos Bicos também integra este circuito pedonal. No interior do edifício, onde está sedeada a Fundação Saramago, estão patentes objectos de uso quotidiano dos séculos XVI a XVIII, vestígios romanos como tanques de uma unidade fabril de preparados de peixe e troços da muralha tardo-romana e da muralha medieval.

Para a vereadora da Cultura, a criação deste percurso (que termina na Porta de Alfofa, bem perto do Castelo de São Jorge) representa uma forma de “resgatar a memória histórica e arqueológica da cidade, de uma estrutura defensiva que foi importante durante vários séculos e estruturante na delimitação urbanística da cidade”. Com ela, diz Catarina Vaz Pinto, criou-se também “um novo produto turístico-cultural”.

Já a arqueóloga Manuela Leitão frisa que com esta iniciativa vai ser possível “dar a conhecer um dos patrimónios mais valiosos da cidade de Lisboa”, uma cerca que segundo diz “é um organismo que continua vivo, a interagir” com o espaço urbano no qual se integra.   

Segundo a vereadora Catarina Vaz Pinto, este projecto representa um investimento de cerca de 400 mil euros, que foi financiado pelo Turismo de Portugal. A autarca destaca que além da componente de divulgação, com a introdução dos tais 16 totens, houve uma aposta nas componentes de “investigação científica e conservação do património”, tendo existido “espaços da antiga muralha que foram reabilitados e salvaguardados”.  

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