Ainda vai a tempo

Se eu pudesse receber de volta as horas que perdi a ver Breaking Bad, não hesitaria.

Mais cinco Emmys para Breaking Bad: que excitação. Que merecidos estes troféus em tão bom tempo dados. Mais uma vez foram descobertos e recompensados os novos valores da televisão americana, dos quais o maior é Breaking Bad e o segundo maior é Modern Family. Claro. Aleluia, et cetera.

Se ainda há alguém que não viu Breaking Bad convém avisar que Bryan Cranston é um péssimo actor, um canastrão declamador que seria ideal para um curto e mau filme mudo. É só tirar o som, vê-lo a contorcer-se e redigir a legenda: "Isto não vai ficar assim! Tudo farei para sair vencedor deste sarilho!"

Toda a família White é pior do que uma verdadeira: o filho é um chato, a mulher é uma chata e a cunhada é uma chata. Só se safa o concunhado. Cuidado com as longas, longas-metragens em que só o concunhado se safa.

A casa do concunhado e da cunhada é toda roxa, o que é genuinamente irritante para os olhos, requerendo soro fisiológico ou até um bom colírio, como o Clorocil.

São mais os maus episódios do que os bons e, piores do que todos, são os episódios experimentais (como o da mosca no laboratório) que constituem tortura intelectual. A melhor temporada é a primeira e a segunda melhor é a última. Quanto mais no meio, pior, mais previsível e mais empalhado.

Se eu pudesse receber de volta as horas que perdi a ver Breaking Bad, não hesitaria. Bendita seria a minha ignorância. Que luxo seria a pena (e até a culpa?) de ainda não ter visto... o nada mau.

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