Quem vai ceder, Putin ou Poroshenko?

Depois de quatro meses de violência brutal e até um avião civil abatido, a diplomacia regressa.

Amanhã, Angela Merkel visita Kiev. Poderia dizer-se de outro modo: amanhã, Merkel não visita Moscovo. Não é inocente nem o local, nem o momento.

Vladimir Putin, a quem chamam “czar Vladimir I”, está a ficar isolado na sua campanha contra a Ucrânia. Esta semana recuou até em relação a algumas sanções que decretara contra a União Europeia como retaliação às sanções impostas por Bruxelas. Voltou a permitir a importação de alguns peixes e de leite. É cedo para dizer que efeitos estão a ter as sanções em qualquer um dos lados. É válido dizer que a economia russa entrara em pré-recessão já antes das sanções do Ocidente, mas há casos isolados de grandes empresas russas a declarar falência que animam os que acreditam na eficácia do sistema de sanções.

Merkel visita o Presidente Petro Poroshenko para mostrar ao mundo que o Ocidente está do lado da Ucrânia e não do lado de Putin. Claramente a marcar a agenda internacional, a chanceler alemã antecipa-se à reunião de terça-feira em Minsk, Bielorússia, que reunirá, pela primeira vez em meses, os dois presidentes. Catherine Ashton, a “ministra” dos Negócios Estrangeiros da Europa, também vai participar.

As escolhas não são fáceis. Há apelos para que o Ocidente seja capaz de dar uma saída a Vladimir Putin. Por exemplo, agarrar nos seus alertas relativos à “crise humanitária” na Ucrânia e permitir que a Rússia se envolva no processo de ajuda. Isso implicaria ignorar que a própria Rússia tem contribuído de forma decisiva para essa mesma “crise humanitária”, mas pode ser um caminho. Putin não quer estar associado a separatistas derrotados. Kiev não pode permitir que os rebeldes controlem o seu território em troca de um cessar-fogo. Quatro meses e dois mil mortos depois, a diplomacia regressa finalmente à mesa.

Sugerir correcção
Comentar