Campanha eleitoral arranca na televisão brasileira com homenagem a Eduardo Campos

PSB indica Beto Albuquerque como candidato à vice-presidência, ao lado de Marina Silva. Tempo de antena na rádio e televisão dá o tiro de partida para a corrida eleitoral.

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Beto Albuquerque é o candidato a vice de Marina Silva EVARISTO SA/AFP

O Partido Socialista Brasileiro (PSB) indicou o nome de Beto Albuquerque, o deputado federal do Rio Grande do Sul que liderava a bancada do partido na Câmara, para concorrer pela vice-presidência na “chapa” agora liderada pela ex-senadora Marina Silva. Fica assim refeita a campanha da coligação “Unidos pelo Brasil”, exactamente uma semana após a morte do candidato presidencial Eduardo Campos, num acidente aéreo em Santos.

No primeiro anúncio oficial da campanha – que inaugurou o espaço de tempo de antena obrigatório e gratuito nas estações de rádio e televisão brasileiras, na terça-feira à noite –, o PSB prestou homenagem ao seu malogrado presidente e ex-governador do estado de Pernambuco, repetindo a mensagem que tinha deixado numa entrevista ao Jornal Nacional da rede Globo na véspera da sua morte. “Nunca vamos desistir do Brasil”, garantiu Eduardo Campos, numa frase que se tornou o refrão da campanha.

Beto Albuquerque, de 51 anos e advogado de formação, está ligado ao PSB há quase 30 anos. Foi legislador estadual e ocupou vários cargos no Governo gaúcho, tendo já cumprido quatro mandatos como deputado federal em Brasília. Na Câmara, chegou à vice-liderança do Governo de Lula da Silva, mas tornou-se um dos maiores críticos da Presidente Dilma Rousseff, apoiando a decisão de Eduardo Campos de romper a aliança eleitoral com o PT e lançar uma candidatura própria. Estava agora envolvido na campanha por um lugar no Senado pelo estado do Rio Grande do Sul.

A sua entrada na “chapa” mereceu o acordo da família de Eduardo Campos e também dos dirigentes da Rede Sustentabilidade de Marina Silva – o partido que a ex-ministra do Ambiente não conseguiu legalizar a tempo das eleições de 2014. O que não quer dizer que os dois novos parceiros coincidam nas suas opiniões, sobretudo em matérias ligadas ao agronegócio: por exemplo, Albuquerque foi um dos proponentes do projecto de lei para autorizar o cultivo de soja transgénica, que contou com a oposição de Marina (mas acabou por ser aprovado durante o Governo de Lula da Silva).

O ex-Presidente brasileiro fez uma curta declaração durante o tempo eleitoral do Partido dos Trabalhadores. Lula elogiou o trabalho da sua sucessora no Palácio do Planalto, e apelou à sua reeleição. Mas além de Dilma, falou ainda em Eduardo Campos, que foi ministro no seu primeiro Governo e com quem mantinha uma amizade de décadas – “Quase uma relação de pai e filho”, descreveu.

Também Aécio Neves, o candidato do Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), evocou Campos no espaço eleitoral dos tucanos, marcado por um ataque cerrado ao Governo do PT.

Porém, as referências e elogios dos adversários presidenciais do PSB não agradaram a Marina Silva, que criticou a exploração política da tragédia pessoal de Eduardo Campos. “Nosso esforço, de todos os brasileiros independente de partido, é que sua trajectória e sua insistência em renovar a política não seja tratada como herança, onde cada um pega um fragmento do despojo, mas que seja tratado como um legado em que quanto mais pessoas se puderem apropriar dele, melhor fica”, declarou a candidata, numa curta declaração após uma missa de sétimo dia celebrada em Brasília.

A campanha eleitoral no Brasil começou a ganhar forma uns dias depois do fim do Mundial de futebol. Mas é o arranque do tempo de antena na televisão que informalmente serve de “tiro de partida” para a corrida presidencial: é a partir deste momento que os mais de 141 milhões de eleitores começam a prestar atenção às propostas e personalidades dos diferentes candidatos.
 

Notícia actualizada a 21 de Agosto

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