Operação de resgate do ferry naufragado na Coreia do Sul pode prolongar-se por dois meses

Mergulhadores avistaram vítimas no interior do navio mas não conseguiram recuperar os cadáveres. Familiares recolheram ADN para a identificação dos corpos.

Foto
Familiar no porto no Jindo, onde se concentram as operações de busca Kim Hong-Ji/REUTERS

As operações de resgate do ferry sul-coreano Sewol, naufragado nas águas do mar Amarelo, poderão prolongar-se pelos próximos dois meses, aumentando a angústia dos familiares dos 270 passageiros que estão oficialmente desaparecidos, a maior parte dos quais adolescentes que partiram numa excursão escolar para a ilha de Jeju.

Três dias depois do desastre, as autoridades consideraram “praticamente nulas” as hipóteses de ainda encontrar sobreviventes. Até agora, já foram confirmados 33 mortos – entre os familiares dos passageiros a bordo já começaram a ser recolhidas amostras de ADN para ajudar na identificação dos corpos.

No sábado de manhã, uma equipa de mergulhadores – há pelo menos 652 de prevenção, prontos a integrar a operação de resgate – avistou três corpos no quarto andar do navio, mas foi incapaz de ganhar acesso ao interior. A tarefa está a ser dificultada pelas fortes correntes no local, e pela baixa visibilidade debaixo de água. No entanto, três outros corpos foram recuperados.

“Segundo os especialistas, as operações de resgate poderão estender-se pelos próximos dois meses”, indicou o responsável pelos serviços de emergência da protecção civil sul-coreana, Shin Won-nam. As autoridades admitem rodear a embarcação submersa com uma rede para impedir que os cadáveres no interior possam ser arrastados. A Guarda Costeira também indicou que só depois de haver a certeza absoluta de que não há sobreviventes dentro do Sewol é que os quatro grandes guindastes navais que já estão no local entrarão em funcionamento para tentar içar o navio.

Concentrados no porto de Jindo – o ponto de partida da viagem e ground zero das operações que envolvem 176 embarcações e 28 aeronaves –, os familiares não escondem a sua raiva à medida que vão sendo divulgados pormenores sobre os momentos fatídicos em que o ferry adornou e começou a afundar-se.

Um dos procuradores envolvidos na investigação ao caso, Yang Joong-jin, confirmou ontem que quem seguia ao leme do Sewol no momento do naufrágio era a terceira oficial Park Han-gyeol. “Não há nada de ilegal nisso”, sublinhou, embora tenha notado que se tratava da primeira vez que a marinheira de 26 anos manobrava o navio de 6,8 toneladas pelo canal de Maenggol, uma via marítima “traiçoeira” e de correntes imprevisíveis na ponta Sul da península coreana.

Rodeado pelos jornalistas, o comandante do navio, Lee Joon Seok, defendeu a sua decisão de “atrasar” a evacuação dos passageiros, justificando-se com a força da corrente, a temperatura da água e o facto de não terem ainda chegado ao local os barcos de salvamento. “Pensei que se deixasse as pessoas sair do ferry, iam ficar à deriva”, explicou. Muitos sobreviventes disseram nunca ter ouvido a ordem para abandonar o barco, que só surgiu meia hora depois de o navio já estar virado de lado e a afundar. “Peço desculpas ao povo da Coreia do Sul por ter causado este distúrbio. Curvo a cabeça e peço perdão às famílias das vítimas”, declarou.

Sugerir correcção
Comentar