Rebeldes separatistas pró-russos rejeitam acordo para o fim da ocupação no Leste da Ucrânia

Dirigente da auto-proclamada república popular de Donetsk não reconhece autoridade ao Governo de Kiev e insiste na realização de um referendo local.

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Voluntários das "unidades populares de Donetsk" mantêm posições na cidade de Slaviansk AFP/GENYA SAVILOV

O auto-intitulado líder dos rebeldes separatistas pró-russos de Donetsk, Denis Pushilin, rejeitou os termos do acordo para o desarmamento e a retirada dos edifícios governamentais ocupados pelas suas milícias no Leste e Sudeste da Ucrânia, assinado em Genebra na quinta-feira pelo Governo de Kiev e representantes da Rússia, Estados Unidos e União Europeia.

Em declarações aos jornalistas esta manhã em Donetsk, Denis Pushilin disse que os activistas e combatentes pró-russos que se juntaram à sua causa secessionista não estão comprometidos nem se sentem obrigados ao acordo, e que as tarefas preparatórias de um referendo local para a auto-determinação face ao Governo de Kiev prosseguem, para que a votação possa decorrer na data anunciada de 11 de Maio.

“[O ministro dos Negócios Estrangeiros russo] Sergei Lavrov não assinou nada em nosso nome, mas em nome da Federação Russa”, distinguiu Pushilin, que integra a cúpula de governo da auto-proclamada república popular de Donetsk.

Os separatistas convocaram um referendo local nos mesmos termos daquele que foi realizado na Crimeia em Março, e resultou na anexação da península do sul da Ucrânia pela Federação Russa. Num gesto de abertura negocial para pôr fim à crise no Leste do país, o Presidente interino Oleksander Turchinov avançou a ideia de um referendo nacional para a definição do modelo de Estado preferido pela população: uma república ou uma federação, onde as regiões teriam poderes acrescidos. Mas os rebeldes não querem uma votação nacional – as sondagens mostram que a esmagadora maioria dos ucranianos está contra o desmembramento do país.

O acordo firmado na quinta-feira em Genebra, após seis horas de negociações, prevê a entrega das armas por todos os “grupos ilegais” que tomaram conta de edifícios governamentais e administrativos em dez cidades da região de Donetsk e Lugansk, e o fim da ocupação e das barricadas montadas nesses locais. O Governo de Kiev compromete-se a abranger os militantes numa amnistia (com a excepção dos acusados por crimes de homicídio) e a promover um processo de revisão constitucional que abra caminho à descentralização dos poderes do Estado para as regiões, com transferências de competências nas áreas das Finanças, Educação e Saúde.

Mas segundo denunciou Denis Pushilin, as autoridades de Kiev já estão a violar o acordo, ao anunciar que as tropas ucranianas continuarão na região. “A nossa expectativa era que Kiev não respeitasse este acordo. Já estamos à espera de uma escalada no conflito”, antecipou o líder separatista.

Pushilin disse que os seus homens só abandonarão os edifícios ocupados quando o Governo de Kiev “entregar o poder que obteve ilegalmente através de um golpe de Estado”.

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