Rui Moreira diz que Lisboa, se quiser, pode importar modelo da nova Feira do Livro do Porto

Câmara vai assumir a organização do evento, que irá decorrer nos jardins do Palácio de Cristal, entre 5 e 21 de Setembro.

Foto
Paulo Ricca/Arquivo

O presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, recusou, esta terça-feira, que a Feira do Livro do Porto, organizada exclusivamente pela autarquia, venha a ser pior do que aquela que a APEL – Associação Portuguesa de Editores e Livreiros vai organizar na capital, em parceria com a Câmara de Lisboa, e ironizou: “Se calhar, no futuro, o senhor presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, até nos pergunta como fizemos e podemos exportar o nosso modelo para lá”.

Em comunicado, esta terça-feira, a APEL lamentou a decisão da autarquia, garantindo que tomou a iniciativa de contactar a câmara este ano para “evitar que se repetisse a enorme desilusão do ano passado, em que, pela primeira vez ao fim de mais de 80 anos, não se realizou a Feira do Livro do Porto”.

Apesar de o município já ter anunciado que irá assumir a organização da Feira do Livro da cidade, que irá decorrer nos jardins do Palácio de Cristal entre 5 e 21 de Setembro, o fim da parceria com a APEL ainda suscita muitas dúvidas e o assunto foi levado à reunião privada do executivo pelo vereador da CDU, Pedro Carvalho, que questionou Rui Moreira e o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, sobre o que correu mal com as negociações.

No final do encontro, aos jornalistas, Pedro Carvalho confessou ainda ter dúvidas e receios, apesar da garantia da câmara de que irá haver feira. “Não se percebe por que há esta diferença entre Porto e Lisboa. Fazia sentido que as coisas fossem retomadas, e não estou, com isto, a ilibar a APEL completamente. Temos algum receio de que o processo seja interrompido e que, pelo segundo ano consecutivo, nos arrisquemos a não ter Feira do Livro ou a ter um evento substituto que não tem o impacto da Feira do Livro”, disse.

Rui Moreira recusou qualquer visão negativa da futura Feira do Livro, cujo modelo, segundo a câmara anunciou, é para replicar nos próximos anos. “Vamos fazer a feira no tempo que queremos, no local que entendemos, com os participantes que nos desejam”, disse o autarca, afirmando-se convicto de que o evento será “um sucesso”.

Sobre o falhanço nas negociações com a APEL, Rui Moreira garantiu que não houve qualquer “mal-entendido” entre as duas instituições. “Foi tudo muito bem entendido. Estivemos em negociações que chegaram a bom porto, estávamos convencidos de que estávamos a tratar com a APEL e, então, houve uma pessoa [João Alvim] que entendeu que a APEL não tinha estado representada nessas negociações. Isto não é tolerável do ponto de vista institucional”, afirmou.

Contrapondo as palavras do autarca, a APEL argumenta ter sido “sempre sensível às dificuldades” orçamentais apresentadas pela câmara e insiste que entregou “em devido tempo” uma proposta de protocolo que previa o apoio financeiro para edições futuras, afirmando ainda estar à espera de uma resposta. 

Rui Moreira defendeu que a Câmara do Porto tem “competência para organizar” o evento e não deu sinais de qualquer contacto com a APEL nos tempos mais próximos. “Não estamos ao serviço de corporações. Fomos eleitos para um determinado mandato, para cumprir um programa”, disse.

O presidente da câmara garantiu ainda que, neste momento, ainda não é possível adiantar quanto irá custar ao município a organização da Feira do Livro e qual o valor que editoras, livrarias ou alfarrabistas terão de pagar para poder participar, mas disse estar certo de um facto: “O custo será, seguramente, menor que os 300 mil euros que nos vinham a ser reclamados [pela APEL] em função de quatro anos de actividade.”

Sugerir correcção
Comentar